Sociedade | 24-10-2019 13:21

Aldeia de Chãos, em Rio Maior, acolhe encontro sobre moedas sociais e prepara moeda local

Aldeia de Chãos, em Rio Maior, acolhe encontro sobre moedas sociais e prepara moeda local
DR

Está em estudo a criação de uma moeda a ser entregue a quem apadrinhar uma cabra do rebanho comunitário de Chãos, que poderá ser gasta na aquisição de produtos como carne ou queijo.

A aldeia de Chãos, em Rio Maior, recebe, a 2 de Novembro, um Encontro sobre Moedas Sociais que apresentará a “germinação” de moedas locais em Chãos e em Montemor-o-Novo e modelos alternativos bem-sucedidos como o Banco Palmas.

Promovido pelas cooperativas Terra Chã, de Chãos, e Integral Minga, de Montemor-o-Novo, distrito de Évora, com o apoio da Rede Portuguesa de Economia Solidária (RedPES), o encontro acontece num momento em que se multiplicam iniciativas sobre moedas complementares e economias alternativas, que terão o seu ponto alto no Fórum Social Mundial das Economias Transformadoras, agendado para 5 a 7 de Abril de 2020, em Barcelona (Espanha).

Júlio Ricardo, da Cooperativa Terra Chã, de Chãos, aldeia que está em processo de germinação de uma moeda local que pretende aliar finanças alternativas, ambiente e biodiversidade, adiantou que o encontro contará com a presença de Miguel Yasuyuki Hirota, presidente do Instituto da Moeda Social de Valência (Espanha), animador de experiências de moedas sociais em vários locais do mundo e activista da economia solidária.

No espaço para a partilha teremos experiências de moedas sociais em contextos rurais”, como é o caso de Chãos, de Montemor-o-Novo, com o “embrião da moeda MOR”, e das que estão em curso em Santarém (estudadas por Ana Silva, docente do Instituto Politécnico), sendo ainda apresentado o processo iniciado em 1998 na região brasileira do Ceará, onde foi criada a moeda e o Banco Palmas, que conta já com mais de uma centena de bancos comunitários no Brasil, acrescentou.

No caso de Chãos, está em estudo a criação de uma moeda a ser entregue a quem apadrinhar uma cabra do rebanho comunitário e que poderá ser gasta na aquisição de produtos derivados do rebanho, como carne ou queijo, ou no restaurante e produtos da cooperativa, afirmou Júlio Ricardo, salientando o papel das moedas locais na criação de economias mais resilientes.

Luciane Santos, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, irá aprofundar o conhecimento e expectativas sobre moedas sociais, que têm na base um princípio de acordo dentro de uma comunidade territorial para se utilizar algo como meio de pagamento ou troca.

Recordando que as experiências mais significativas se iniciaram no Canadá na década de 1980, a organização salienta o surgimento de moedas sociais em muitos países europeus, sendo a libra de Bristol, em Inglaterra, e o banco suíço WIR, sistema que envolve 60.000 pequenas e médias empresas, ou o brasileiro Palmas, alguns dos exemplos mais conhecidos.

O programa de dia 2 inclui uma comunicação, via Skype, do coordenador da Rede de Economias Alternativas e Solidárias de Espanha, Carlos Askunze Elizaga, uma das instituições organizadoras do fórum mundial.

Os movimentos que preconizam o crescimento da economia solidária alegam que a crise financeira iniciada com a queda da Lehman Brothers, em 2009, não produziu as mudanças esperadas e necessárias no sistema financeiro, tendo, pelo contrário, havido um reforço do seu carácter especulativo e um acentuar dos índices de pobreza e de desigualdade no planeta.

Frisando que o planeta está ameaçado pelos efeitos ambientais e sociais de um sistema económico baseado na procura do lucro, da produtividade e do consumismo sem limites, os promotores do fórum de Barcelona realçam que se tem assistido a um (re)surgimento de práticas que reclamam um espaço no debate sobre novas formas de pensar e fazer economia e aspiram a construir um sistema socioeconómico que coloque as pessoas, as comunidades e o meio ambiente no centro dos seus processos.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1663
    01-05-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1663
    01-05-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo