Operação urbanística obriga a retirar ciganos do Casal dos Estanques
Dono de antigo aviário está a desenvolver um projecto para o local, que é ocupado há décadas por famílias de etnia cigana. Realojamento em casas do município de Vila Franca de Xira é a solução mais previsível.
O Casal dos Estanques em Vialonga, um antigo aviário ocupado há décadas por várias dezenas de famílias de etnia cigana pode ter os dias contados dentro de pouco tempo, porque o espaço tem um novo dono que está agora a desenvolver um projecto urbanístico para o local.
A concretizar-se a construção de novas habitações no espaço, os ocupantes de etnia cigana que ali vivem terão de ser retirados do local e instalados, possivelmente, em casas municipais de renda acessível. O problema é considerado sensível nos corredores da Câmara de Vila Franca de Xira e, por isso, todo o processo está a decorrer com recato.
Para evitar que a comunidade cigana peça a outros membros para ocupar o espaço, o município está a recensear toda a população que ali existe, para depois poder estudar uma solução. “Obviamente que a matéria de encontrar solução para as pessoas que lá estão passará pela retirada delas para outro local”, confirma o presidente do município, Alberto Mesquita. Há muito que a zona do Casal dos Estanques é um foco de insalubridade e queixas da vizinhança e autarcas de Vialonga, que têm pedido soluções para retirar a comunidade cigana do local, mas sem sucesso.
“Tenho receio de quando as operações urbanísticas se começarem a desenvolver passe a haver o dobro ou o triplo da população que lá está. Por isso, o nosso serviço da área social está a fazer o levantamento rigoroso de quem lá está neste momento e são esses que contam, não serão os outros que hão-de-vir. Não pode ser de outra forma, senão não nos entendemos, porque é uma matéria que não é nada simples”, admite Alberto Mesquita.
Em Julho último, o Casal dos Estanques foi notícia por causa de uma praga de carraças no local, que obrigou o município a realizar uma desinfestação de toda a zona. As más condições em que vivem as famílias ciganas – sem água, electricidade ou esgotos - há muito que constituem um motivo de preocupação de saúde pública para as diferentes entidades e, em particular, para os restantes moradores que vivem paredes meias com o cenário. Quem ali vive queixa-se de dejectos a céu aberto que provocam maus cheiros e aproximação de insectos, juntamente com lixo que atrai roedores.