Sociedade | 14-01-2020 12:30

Na feira de antiguidades em Tomar há artigos para todos os gostos

Na feira de antiguidades em Tomar há artigos para todos os gostos

A feira de artes, coleccionismo e antiguidades acontece todos os primeiros domingos do mês no mercado municipal de Tomar, junto a uma das margens do rio Nabão, e tem em média cerca de meia centena de feirantes. O MIRANTE visitou-a num domingo de sol.

Para se ter uma banca na feira de artes, antiguidades e coleccionismo de Tomar, organizada pela ACAART (Associação Cultural de Artesãos e Artistas Plásticos da Região dos Templários), cada feirante tem de pagar cinco euros. Os espaços são definidos pela ordem de chegada. Há negociantes a viajar de madrugada para ficar com os melhores lugares.

António Henriques, 69 anos, vem de Coimbra e é um bom exemplo. Meteu-se ao caminho às quatro da madrugada para conseguir arranjar um bom espaço. “Às vezes parece que estamos numa luta de galos”, conta em jeito de brincadeira. Os mais preguiçosos, por chegarem mais tarde, têm de se sujeitar a um espaço atribuído pela organização.

António Henriques anda de feira em feira há 15 anos, depois de se ter reformado de uma vida inteira a trabalhar no ferro forjado. A paixão pelas antiguidades surgiu por brincadeira, mas depressa se tornou num vício que conciliou com a necessidade que tinha em levar mais algum dinheiro para casa. O seu maior prazer é mostrar peças invulgares: um escarrador em cerâmica ou os lápis de pedra que se utilizavam antigamente nas escolas são dois exemplos do que expõe nas feiras. “O segredo do negócio está na forma de fixar o preço das peças. Temos de inflaccionar sempre para depois lhes fazer um desconto”, confessa.

Luís Cardeira, 67 anos, vem da Marinha Grande e fez a sua vida a trabalhar como vendedor e operário fabril. É feirante há cerca de sete anos e é muito crítico da forma como as feiras estão a ser organizadas, devido ao excesso de feirantes. “Deveria haver uma maior selecção. Há pessoas que vêm vender material que não se sabe onde foi comprado ou se foi comprado e que tem muito pouca qualidade”, afirma explicando que esta situação afasta os clientes.

Luís Cardeira vende o que compra pela Internet e que lhe é oferecido por amigos e conhecidos. “O principal requisito para vender é ter o controlo da negociação”, explica. Os quilómetros de estrada que faz com a casa às costas são solitários, mas para ele vivem-se como uma terapia. “Estou aqui para valorizar a minha vida de velhote”, diz a brincar.

Miguel Marques é o mais jovem expositor que encontrámos. Tem 44 anos, vive em Leiria, e conjuga o tempo passado em feiras com o trabalho que faz semanalmente na área da decoração de interiores. A paixão pelas feiras surgiu quando decidiu começar a acompanhar um amigo de infância para conhecer o país.

Um dia de feira tem cerca de 16 horas de trabalho. Miguel Marques afirma que longe vão os tempos em que se conseguia viver deste negócio. Na altura da conversa com O MIRANTE, a meio do dia, tinha vinte euros em caixa, mas fez questão de valorizar mais a oportunidade de comunicar e conviver por sentir que a vida é feita de muitas aprendizagens.

Um casal apaixonado há 51 anos

O prémio para o casal mais simpático da feira pertence a Joaquim e Cristina André. Quem o diz são os colegas. O jornalista encontrou-os sentados à mesa, a comerem patês, sandes e a beberem uma garrafa de vinho partilhada com outros colegas. Vivem em Alcobaça, estão casados há 51 anos e tratam-se carinhosamente por ‘my love’. “Apesar da idade somos mais modernos e apaixonados do que muitos jovens casais que por aí se vê”, afirmam com vaidade.

Há cerca de seis anos que trabalham em feiras. Cristina foi comerciante a vida toda na área da perfumaria e vestuário e Joaquim foi empresário de obras públicas. O casal, que sempre viajou muito, tem uma banca onde se encontra de tudo: cristais e cerâmicas da Ásia e América, jóias, roupa de casa e artigos religiosos. Foram acumulando e como não vão levar nada para debaixo da terra decidiram começar a vender, contam, afirmando ainda que se ficassem em casa morriam para a vida.

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