Sociedade | 20-01-2020 10:00

“É um abuso o tempo que as crianças passam nas creches e infantários”

“É um abuso o tempo que as crianças passam nas creches e infantários”

Terceiro Encontro Regional de Educadores de Infância decorreu no sábado, 11 de Janeiro, na Casa do Brasil em Santarém.

O tempo que as crianças passam nas creches e jardins-de-infância é considerado um abuso pela classe de educadores de infância. Há crianças que chegam por volta das 08h00 e só saem das creches e infantários às 18h00. “É muito tempo para uma criança tão pequena estar fechada no mesmo sítio, durante tanta hora. Mas é um problema que não podemos controlar”, refere Luís Ribeiro, educador de infância e presidente da direcção da Associação de Profissionais de Educação de Infância (APEI), que organizou no sábado, 11 de Janeiro, em Santarém, o terceiro Encontro Regional de Educadores de Infância. Na Casa do Brasil estiveram presentes cerca de 50 profissionais do sector.

A realidade que se vive é fruto das alterações que se foram verificando na sociedade nas últimas décadas. “Os pais têm os seus trabalhos, com horários cada vez menos flexíveis, e os avós que, culturalmente, costumavam tomar conta dos netos, também ainda estão em idade activa, porque a idade da reforma está cada vez mais avançada. Muita coisa haveria para alterar, mas é assim mesmo que acontece, infelizmente”, diz Luís Ribeiro.

Integrar as creches no sistema educativo e criar um regulamento para essa resposta educativa, que integra crianças até aos três anos, é o principal objectivo da associação. As consequências da inexistência de um regulamento próprio nas creches, faz com que os educadores de infância se sintam isolados tanto nos agrupamentos de escolas como no sector privado. Ainda assim, no distrito de Santarém, em regra, os agrupamentos funcionam bem e são sensíveis aos problemas das suas creches e jardins-de-infância.

“Em Santarém existe uma dinâmica muito bem organizada nos agrupamentos de escolas. Não posso dizer que nos sentimos excluídos do agrupamento. Sempre houve uma aposta forte na formação dos profissionais e uma grande sensibilidade para os nossos problemas diários”, enquadrou Rosa Montez, delegada regional da APEI e educadora de infância há 35 anos no jardim-de-infância do Choupal, em Santarém.

Apesar de ser obrigatório que cada sala de creche tenha uma educadora de infância licenciada, não existe um regulamento geral para ser seguido, o que afecta a qualidade do exercício das funções desenvolvidas com as crianças até aos três anos. “Este é o grande entrave à evolução da qualidade educativa nas creches e jardins-de-infância. O que há, por parte do Ministério da Educação, é um conjunto de leis avulso, que não resolve o problema”, explicou a O MIRANTE, Luís Ribeiro.

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