Sociedade | 24-01-2020 12:30

“Muitas pessoas recorrem às sex-shop para tentar salvar o casamento”

“Muitas pessoas recorrem às sex-shop para tentar salvar o casamento”

Susana Abreu é proprietária há 11 anos da única sex-shop de Santarém.

Muitos já entram mais descontraidamente nas sex-shops e outros tantos continuam a ver este tipo de lojas como bóias de salvação de casamentos. A garantia é dada por Susana Abreu, proprietária da única sex-shop de Santarém, situada na Rua Vale de Salmeirim. Para a dona da Love Shop existe uma faixa etária mais velha que ainda tem algum preconceito em relação ao sexo, mas entre os jovens a sexualidade e o corpo são assuntos encarados com banalidade.

“Noto que os clientes entram na loja com menos vergonha e vêm já com uma ideia do que querem. Há ainda os que vêm à procura de ajuda para salvar as suas relações”, revela a empresária, lembrando a história de uma senhora que acabou por ficar cliente habitual do espaço. Aconteceu há sete anos, perto do Dia dos Namorados. Susana Abreu conta que a senhora lhe pediu ajuda porque o seu casamento estava abalado e acabou por levar uma lingerie, um estimulador de clitóris, um óleo de massagem e umas algemas.

“Sei que as coisas correram bem, de tal forma que, passado uma semana vieram entregar-me um cão à loja, de raça labrador, com um cartãozinho a dizer: “Salvaste o meu casamento. Não mereces nada mais fofo que isto”. Acabei por ficar com o animal e é daquelas clientes que ainda hoje faz parte da história da loja”, conta Susana Abreu a O MIRANTE.

À frente da sex-shop há quase onze anos, a empresária já não se surpreende com nenhum fetiche nem nenhum pedido que possa surgir na loja. O sexo, tal como as roupas, também vive de modas. Neste momento o que vende mais são vibradores e potenciadores de desempenho sexual. Embora os lubrificantes e os óleos de massagem também sejam muito requisitados. Em relação ao tipo de cliente que mais frequenta a loja a proprietária da sex-shop revela que são, maioritariamente, casais. Normalmente, refere, gostam de vir juntos para ver o que querem para apimentarem um pouco mais a relação.

“Os fetiches tornam o sexo mais interessante”

Fazer sexo na praia, no carro ou num elevador podem ser considerados fetiches e dos bons. A ideia é defendida por Nuno Melo, 38 anos, sexólogo no Centro de Psicologia e Desenvolvimento da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira.

O psicólogo clínico considera que ter fetiches é saudável na medida em que vão contribuir para a variedade e qualidade da vida sexual assegurando sempre o respeito pelo próprio e pelo outro. “As pessoas que têm fetiches em que o objectivo é o de infligir sofrimento em si ou no parceiro devem conversar e avaliar bem a situação pois isso pode ter consequências muito negativas para a relação”, explica a O MIRANTE.

Nas consultas é muito comum utilizar o cinema e a literatura erótica como forma de apimentar as relações e intensificar e promover a variedade sexual. Na sua opinião, a sexualidade para ser agradável e saudável, depende das fantasias. O que não pode acontecer, segundo Nuno Melo, é que estes mecanismos comecem a substituir a pessoa/relação. “A pornografia, por exemplo, pode ser considerada um fetiche enquanto o consumidor não ficar fixado nela, ao ponto de só obter prazer e satisfação sexual desse modo”, refere.

Segundo Nuno Melo a pornografia é o fetiche mais comum nos pacientes que frequentam o seu consultório. O terapeuta conta que acompanhou um caso em que a ligação de um casal esteve perto de terminar por um dos parceiros ter substituído a relação pelo consumo excessivo de pornografia. “No mundo da pornografia os homens e as mulheres são perfeitos e isso não existe no mundo real. Isso leva a sexualidades muito frustrantes”, explica. No entanto, o psicólogo diz que a pornografia e a Internet podem ser benéficas dependendo do uso que se lhes dá.

Em jeito de conclusão diz que todos devem investir mais na comunicação como arma para a resolução dos problemas nas relações. “Os fetiches são saudáveis quando integrados num clima de comunicação e respeito mútuo”, conclui.

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