Sociedade | 12-02-2020 18:00

Guerra aberta entre direcção da Cerci de Azambuja e lista candidata

Guerra aberta entre direcção da Cerci de Azambuja e lista candidata

Relatos de calúnias, ameaças, falsificação de documentos e alegadas tentativas de prejudicar uma das duas listas candidatas às eleições marcam ambiente de tensão na instituição.

Dois anos depois de se ter revelado que atravessava graves dificuldades financeiras, correndo o risco de encerrar portas, a Cerci Flor da Vida de Azambuja, cooperativa que presta apoio a pessoas com deficiência, está envolta em polémica desde que foram convocadas eleições para os órgãos sociais. O último episódio surgiu na sequência do adiamento do sufrágio por necessidade de verificação da identidade dos novos cooperantes, onde o conselho de administração da Cerci identificou uma ficha de cooperador com assinatura falsificada.

A situação é confirmada a O MIRANTE pela própria envolvida que garante que aquela assinatura não foi feita por si. “A letra que está no cabeçalho é minha, mas a assinatura não”, afiança Mariana Saraiva, ressalvando que preencheu e assinou uma ficha de inscrição para se tornar cooperadora.

Perante a confirmação de Mariana Saraiva de que o documento não tinha sido por si assinado a Cerci entendeu que esta não poderá ser admitida como cooperadora. “Não fosse o cuidado desta instituição em verificar a conformidade das assinaturas, tinha sido admitida como cooperadora sabendo que o documento entregue tinha falsificação de assinatura”, justifica a instituição.

Mariana Saraiva era candidata ao cargo de vice-presidente da mesa da assembleia-geral, pela Lista Alternativa, liderada por Vasco Ramos, ficando agora impossibilitada de a integrar. A O MIRANTE adiantou que iria apresentar queixa na GNR de Azambuja contra a instituição.

Lista Alternativa e direcção trocam acusações

Vasco Ramos lê neste gesto mais um sinal de que o conselho de administração da Cerci está a tentar tudo para que a Lista Alternativa perca a sua credibilidade e, consequentemente, as eleições. “Está mais que visto que se trata de uma tentativa para que esta lista não seja eleita”, refere a O MIRANTE.

As eleições agendadas para 7 de Fevereiro vão ser disputadas por duas listas, uma liderada por Vasco Ramos e outra encabeçada por José Manuel Franco, que se tem distanciado da polémica instaurada.

Entre outros membros da lista de Vasco Ramos há também a convicção de que tem ocorrido um conjunto de entraves administrativos por parte da Cerci e uma busca incessante para encontrar irregularidades na candidatura e manchar a reputação dos candidatos. “Quando nos enganámos na data do mandato, aquando da formalização da lista, deram-nos menos de 24 horas para fazer a rectificação que tinha de conter novamente as assinaturas de todos os candidatos da lista ou não seria validada”, exemplifica Vasco Ramos.

Em comunicado, o conselho de administração da Cerci, presidido por Carlos Neto, diz estar a ser alvo de “calúnias, perseguição e até ameaças”, que integram um “plano diabólico” para os acusar de favorecer uma das duas listas candidatas aos seus órgãos sociais.

Sobre as acusações de gestão danosa de que dizem estar também a ser alvo o conselho de administração contrapõe dizendo que a única coisa que “roubam” é tempo às suas famílias e amigos por dedicação à instituição. Sublinham ainda que nenhum membro dos órgãos sociais é pago para desempenhar as suas funções e que das quatro auditorias internas de que foram alvo “não existe desvio de fundos ou gestão danosa”.

Uma instituição com 300 utentes

A Cerci Flor da Vida é uma instituição com 39 anos de existência vocacionada para a educação e reabilitação de crianças inadaptadas e dá resposta a aproximadamente 300 utentes. Nos últimos três anos a Cerci perdeu valências e ficou a dever salários e subsídios a funcionários e pagamentos a fornecedores. Segundo Carlos Neto, os pagamentos a funcionários estão em dia e a dívida ao banco acaba de ser paga no decorrer deste ano.

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