Corrupção: Moita Flores indiciado no caso do estacionamento de Santarém
Ministério Público suspeita que o ex-presidente da Câmara de Santarém beneficiou de 300 mil euros
A Polícia Judiciária está a investigar o negócio da construção do parque de estacionamento subterrâneo de Santarém, em que é arguido o ex-presidente da autarquia, Moita Flores, que foi inspector da Judiciária durante doze anos. Moita Flores está indiciado de corrupção e prevaricação num caso que favoreceu a empresa ABB Construções, que fez o parque e ficou com a concessão do estacionamento pago nos parques à superfície na cidade.
Moita Flores está indiciado de ter sido corrompido com 300 mil euros para favorecer a empresa, que acabou por receber uma indemnização de 1,8 milhões de euros da câmara, segundo avança o Expresso. O ex-autarca, comentador televisivo de casos de justiça e de polícia, considera que a acusação “é um disparate”, realçando que já teve outros processos que foram arquivados, achando que é o que vai acontecer com este.
Moita Flores sublinha que não houve corrupção e que os pagamentos estão todos justificados.
Além do ex-autarca, é arguido o antigo arquitecto António Duarte, que foi levado para a Câmara de Santarém por Moita Flores, chegando a director do urbanismo.
Em Setembro do ano passado o arquitecto, que entretanto já não trabalha na câmara, foi condenado a três anos de prisão com pena suspensa por igual período, por dois crimes de abuso de poder, ao ter usado o cargo na câmara para obter apoios de empresários com processos de licenciamentos de obras, para uma instituição de que era presidente.
O Ministério Público defende que houve uma alteração contratual com a ABB para a redução de 294 lugares de estacionamento, tendo a câmara pago logo ao fim de pouco tempo os 1,8 milhões de compensação por aquilo que a empresa não iria ganhar com a exploração do parque.
Logo de seguida, uma empresa do grupo ABB pagou 300 mil euros a uma firma de robótica dos três filhos de Moita Flores e da qual o ex-autarca chegou a ser presidente. E esta empresa transferiu 250 mil euros para a Antinomia, empresa de vídeos que o ex-autarca tinha com a mulher. A acusação considera que este circuito financeiro terá servido para o corromper.
Moita Flores acrescenta em declarações ao Expresso que são coisas com dez anos e que fizeram as buscas para o deixar sem meios de defesa, porque levaram documentos sobre a dívida e o seu pagamento.
*Mais informações deste e de outros casos envolvendo o ex-autarca, na edição semanal em papel de quinta-feira, 27 de Fevereiro