Sociedade | 05-04-2020 18:00

Lar de Vila Chã de Ourique abre insolvência e despeja idosos

Lar de Vila Chã de Ourique abre insolvência e despeja idosos

O Local de Sonho pediu a insolvência face a dificuldades financeiras. No espaço privado ainda ficaram meia dúzia de utentes à espera de solução.

O lar Local de Sonho criou um pesadelo para as famílias de 19 idosos ao pedir a insolvência. A casa de acolhimento em Vila Chã de Ourique, concelho do Cartaxo, funcionava há uma década e o proprietário, um enfermeiro, diz que já não tinha condições para aguentar as dificuldades financeiras. No lar, na terça-feira, 31 de Março, ainda havia seis idosos porque as famílias não têm condições para os acolher e aguardava-se que a Segurança Social desse uma solução.

O lar privado pediu ao tribunal a insolvência da empresa no domingo, 22 de Março, e esta foi decretada pelo Juízo de Comércio do Tribunal de Santarém, na quarta-feira, 25 de Março, por sentença publicada às 15h42. Familiares dos utentes dizem que foram avisados na sexta-feira, dia 27, e sábado, 28 de Março, para retirarem os idosos no fim-de-semana. A funcionária que fez o contacto referiu que o limite para a saída de todos os idosos era segunda-feira, 30 de Março, de manhã, uma vez que já não estaria assegurado o almoço aos utentes. José Silva, que tem a mãe no lar há dois meses, diz que nessa sexta-feira foi levar fraldas e medicamentos que o proprietário tinha pedido e não lhe disseram nada, tendo sido só avisado no sábado.

A mãe de José Silva tem 90 anos e partiu a bacia. O filho não consegue assegurar os cuidados necessários e pagava uma mensalidade fixa de 800 euros, mais outros bens como fraldas e medicação, o que no total nunca é menos que 930 euros. Esta situação vem também provocar alguma instabilidade numa altura de perigo por causa da pandemia. O caso do lar está a ser acompanhado pela autoridade de saúde, Segurança Social e GNR. Os idosos estão a fazer os testes à Covid-19, embora nenhum caso esteja referenciado. A Câmara do Cartaxo está a suportar financeiramente as refeições dos idosos.

O proprietário estava no lar na segunda-feira, 30 de Março, e disse a O MIRANTE, à porta, que a empresa está agora nas mãos do administrador da insolvência, com quem as famílias e funcionários têm de falar. Luís Vicente refere que o administrador de insolvência não se tinha dirigido ao lar até essa segunda-feira. O enfermeiro e empresário adianta que as mensalidades, na ordem dos 800 euros, não eram suficientes para manter a “qualidade de vida” que sempre deu aos utentes, garantindo que não os vai abandonar até que seja encontrada uma solução para os que ainda não saíram. Luís Vicente garantiu que as famílias começaram a ser avisadas no dia 25 pela advogada da empresa.

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