Dia da Parteira celebra os que contribuem para o milagre do nascimento

“Esquecemos que a medicina trata da doença, não é da saúde e bem-estar. E estar grávida não é doença”.
A data foi criada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em 1991 para homenagear e sublinhar o trabalho desempenhado pelas parteiras no cuidado prestado às mulheres e à vida humana. Embora não sendo consideradas parteiras, pois não realizam procedimentos médicos como auscultação fetal, aferição de pressão e exame de toque do colo uterino, as doulas têm um papel importante de apoio físico e emocional à mulher em trabalho de parto. Esta data serviu de mote para conhecermos melhor o seu trabalho, antes e depois do parto, e perceber porque consideram que o parto hospitalar pode trazer mais riscos do que o parto em casa.
Susana Pereira, uma das poucas doulas actualmente em funções na região do Ribatejo, questiona quantas mulheres estão cientes dos riscos das cesarianas e das epidurais. Refere que não é contra nenhum dos procedimentos desde que sejam escolhas informadas e conscientes. Reconhece que as cesarianas salvam vidas e devem ser executadas sempre que o bem-estar estiver em causa, mas ressalva que é importante perceber porque é que o bem-estar não esteve assegurado.
Para a doula podem ser múltiplos os factores que fazem a diferença na forma como se lida com o desconforto do parto, mas há um factor que considera determinante: a relação estreita entre a mente e o corpo. "É o pensamento que precede a emoção e que por sua vez precede o comportamento. Se é a mente que comanda, é importante fazer este ciclo: informar - esclarecer - desmistificar - compreender o processo - empoderar. É essa a função da doula", esclarece, acrescentando que quando um trabalho é bem feito os resultados são apresentados pelo nível de satisfação das mulheres no final.
Susana Pereira garante que continua a haver um endeusamento da figura do médico, quando na verdade, explica, “esquecemos que a medicina trata da doença, não é da saúde e bem-estar. E estar grávida não é doença”.
Uma reportagem para ler na íntegra numa próxima edição de O MIRANTE, nas bancas à quinta-feira.