Sociedade | 21-06-2020 12:30

Bragadense é o único clube de bairro que joga num pelado e que perdeu o desporto jovem

Bragadense é o único clube de bairro que joga num pelado e que perdeu o desporto jovem

O Bragadense é um dos dois clubes do concelho de Vila Franca de Xira onde ainda se pratica futebol num campo pelado.

Isso já custou o fim do futebol de formação e o futebol sénior pode seguir o mesmo caminho se não vier o prometido relvado sintético.

A prática do futebol no Grupo Recreativo e Desportivo Bragadense (GRDB), da Póvoa de Santa Iria, pode passar a ser feito em piso sintético já no próximo ano, promete a Câmara de Vila Franca de Xira, depois das declarações fortes do presidente do clube a O MIRANTE.


O campo, criado em 1975, ano da fundação do clube, está em mau estado e pode causar lesões graves aos atletas, como já aconteceu. O Bragadense, juntamente com o Alhandra Sporting Club, é um dos dois clubes do concelho que ainda tem os seus jogadores a treinar e a competir num campo pelado sem o mínimo de condições. É um clube de bairro onde todos se conhecem e tratam como uma família mas que tem definhado por falta de apoios. As promessas têm sido muitas ao longo dos anos mas nunca cumpridas.


A grande machadada no clube, dizem os dirigentes, terá sido dada por António Félix, vereador com o pelouro do desporto, por ter sido o homem a matar o futebol de formação, que era frequentado por 42 jovens. “Os pais não queriam os filhos a jogar num pelado. Entregámos dois orçamentos à câmara, para um piso usado e um piso novo, pedindo que nos ajudassem. A resposta de António Félix foi que a câmara não apoiava sintéticos usados e que também não iriam apoiar o sintético novo porque estávamos muito perto das eleições”, recorda José Nunes, presidente do clube.


O dirigente ainda avisou o vereador do desporto que, sem esse equipamento, a formação iria acabar nessa época mas de nada valeu. “Por causa de António Félix perdemos todo o nosso escalão de formação. Não conseguimos fazer nada”, lamenta.


Essa decisão tirou uma importante fonte de receita ao clube e este emagreceu, vivendo hoje de uns parcos 600 euros mensais provenientes da renda do café da associação. “Estou muito pessimista e as coisas não estão fáceis. Sem sintético pronto a usar para a época 2021/2022 dificilmente conseguiremos continuar com a prática desportiva”, avisa o dirigente.

Câmara rejeita as críticas

Na reacção às declarações do dirigente, a câmara já veio dizer que rejeita por completo que Félix alguma vez tenha prejudicado a actividade desportiva do clube. “Tais afirmações são difamatórias e não correspondem à realidade no que concerne à relação mantida pela autarquia, quer na pessoa de António Félix com o Bragadense quer com o resto do movimento associativo desportivo”, refuta a câmara, garantindo que foi prometido ao clube avançar em 2021 com um novo sintético.


O município diz não compreender o que motiva o dirigente a concretizar tais afirmações quando, “finalmente e após tantas décadas”, se estão a criar condições adequadas para a prática desportiva naquele clube. O município refere-se à obra do orçamento participativo de 2019, que contempla a requalificação do ringue de futsal do clube, que foi o projecto mais votado pela população. O concurso público para a empreitada deverá ser lançado ainda este mês.


“Não temos nenhum compromisso assinado pela câmara e entregue no clube de que o sintético é para ser colocado. Apenas a boa palavra do presidente. Espero e acredito que ele é um homem de palavra. Sem um sintético aqui rapidamente vamos matar a prática desportiva no Bragadense”, apela o dirigente do clube.


A ambição do Bragadense é implementar também uma academia de râguebi no novo sintético, além de tentar retomar o escalão da formação. A legalização das instalações do clube é outra das prioridades futuras para a direcção.

A identidade de um bairro

O bairro das Bragadas fica situado no alto da cidade e já lá existia gente a viver muito antes dos prédios que hoje ocupam a Póvoa. José Nunes tem 52 anos e desde criança vive nas Bragadas. Começou no clube como jogador e mais tarde integrou os órgãos sociais. É presidente da direcção desde 2012.


Além do futebol, o clube tem também um rancho folclórico e um grupo de cavaquinhos. Entre todas as secções movimenta mais de meia centena de pessoas e atletas. “Aqui somos como uma família. Somos o espírito e a identidade deste bairro e o clube sempre foi muito importante para as pessoas. É o pólo agregador apesar do bairrismo já ter sido mais forte noutros tempos”, recorda.

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