Sociedade | 05-07-2020 10:00

Greve na DHL termina mas trabalhadores não abandonam a luta 

Greve na DHL termina mas trabalhadores não abandonam a luta 

O protesto de cinco dias na DHL, em Azambuja, teve como principal objectivo a testagem de todos os trabalhadores à Covid-19, o que não foi conseguido.

Foram cinco dias de paralisação durante a primeira hora do horário de trabalho na empresa DHL Supply Chain, instalada na plataforma logística de Azambuja, para reivindicar a testagem aos cerca de 500 trabalhadores, dos quais 20 estão positivos à Covid-19. A greve arrancou depois de um plenário entre os trabalhadores e o Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), sobretudo para pôr fim ao receio causado pela falta de medidas de contingência no local de trabalho, mas também para o descongelamento da progressão nas carreiras e aumento do salário base em 90 euros.


O responsável do CESP, Ricardo Mendes, disse a O MIRANTE que haverá uma continuação da luta, porque o principal objectivo da reivindicação, que era testar todos os trabalhadores para que possam trabalhar em segurança, não foi conseguido. Ressalva, no entanto, que outras medidas de contingência foram alcançadas, entre elas a higienização, distanciamento social e distribuição de equipamentos de protecção individual. Outra conquista foi a implementação de uma pausa de 10 minutos para alimentação. Sobre a progressão na carreira e aumentos salariais a DHL “ainda nem sequer se pronunciou”, lamenta o sindicalista.

Trabalha-se a medo sem se saber o resultado do teste


É recomendação da Direcção-Geral de Saúde (DGS) que se fique em casa enquanto se aguarda o resultado do teste de despistagem à Covid-19, mas, segundo os trabalhadores, na DHL Supply Chain acontece o oposto. Exemplo disso é o caso de António Sousa, 41 anos, que na sexta-feira, 26 de Junho, continuava ao serviço sem saber o resultado ao teste.
“Há muita gente sem saber os resultados dos testes, inclusive eu que o fiz por ter estado em contacto com três colegas infectados”, afirma a O MIRANTE o trabalhador residente em Azambuja, destacando que os resultados já conhecidos “chegaram a conta-gotas, alguns 12 dias depois e as pessoas estiveram sempre ao serviço”.


A DHL Supply Chain, em comunicado, afirma que “os resultados dos testes realizados mostram que o número de infecções por Covid-19 é inferior a cinco por cento da força de trabalho, não existindo novos casos a reportar” desde 17 de Junho. A empresa refere ainda que continua a trabalhar em “estreita colaboração com a Direcção-Geral de Saúde (DGS) para detectar e deter possíveis cadeias de infecção”.

Greve parcial para não pesar no salário

O carácter parcial desta greve, que aconteceu entre as 09h00 e as 10h00, de 22 a 26 de Junho foi escolhido pelos cerca de 30 trabalhadores que nela participaram porque “um dia de greve teria um peso muito grande” no salário que levam para casa ao final do mês. Sem a conquista da maior parte das reivindicações, Ricardo Mendes espera que a empresa negoceie directamente com os representantes dos trabalhadores. “Se não houver comunicação iremos novamente realizar um plenário de trabalhadores e definir novas acções de luta que podem passar por greves, manifestações e concentrações em frente à sede”, destacou.

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