Jorge Torgal. Casos de Covid-19 em Portugal são coisa banal

Entrevista com o professor catedrático, especialista em saúde pública, que avisa que é preciso adaptarmo-nos à doença porque não vai haver vacina eficaz para a erradicar.
Jorge Torgal, professor catedrático, especialista em saúde pública, não é homem de rodriguinhos e remata com convicção análises sobre a pandemia, que em várias situações vai em contra-corrente com outras posições. Natural de Santarém, o médico com duas especialidades, não acredita que a Covid-19 venha a ser debelada por uma vacina, tal como a gripe não o foi.
É crítico sobre a continuidade de se apresentarem diariamente os números de infectados e diz que há uma falta de estratégia de comunicação do governo para fazer com que as pessoas percam o medo. Considera que o aumento de número de casos é uma coisa banal e que as pessoas vão ter de aprender a conviver com um vírus que não vai provocar uma segunda vaga, mas várias.
Afirma que as classes desfavorecidas são as mais vulneráveis à transmissão da doença e a ilação que tira da pandemia é de que o país aguentou bem o embate por já ter alguma preparação e por ter um sistema social e de saúde que funcionaram bem.
Questionado sobre se estamos perante uma pandemia ou um pandemónio, o professor diz que "Estamos perante uma pandemia, mas também um pandemónio social, que no meu entender não corresponde à gravidade da epidemia. Compreende-se que no início tenha causado grande inquietação. Estávamos perante uma situação nova que tinha precedentes preocupantes e isso justificou o grande alarme que se criou. Mas depois não tem havido uma análise bem medida dos dados".
* Leia a entrevista completa na edição semanal em papel desta quinta-feira, 23 de Julho
