Sociedade | 14-08-2020 15:00

“Ingleses trabalhavam pouco e ainda gozavam connosco”

“Ingleses trabalhavam pouco e ainda gozavam connosco”
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foto DR

Arquitectos David e Lara Félix começaram por trabalhar numa fábrica.

David Félix, natural da aldeia de Malaqueijo, concelho de Rio Maior, emigrou para Inglaterra, com a esposa, Lara Félix, natural de Castelo Branco, há nove anos. Ambos têm 35 anos e são arquitectos de formação. A adaptação não foi fácil, sobretudo por, na altura, não falarem bem inglês mas agora não pensam regressar.


O primeiro trabalho que David arranjou foi numa fábrica, onde a maioria dos trabalhadores eram imigrantes que, juntamente com os ingleses, exerciam “bullying” sobre os recém-chegados.


“Os ingleses trabalhavam pouco e ainda gozavam com quem trabalhava. Os outros imigrantes juntavam-se por nacionalidades e também eram hostis”, lamenta. Aguentaram durante quase três anos, até que encontraram trabalho mais adequado à sua formação académica.


Lara acompanhou sempre o marido e juntos arranjaram trabalho como engenheiros digitais na empresa “Bylor”, mas em departamentos diferentes. Dizem que o que fazem está relacionado com arquitectura. A função de David consiste em fazer estudos prévios para projectos de construção, enquanto Lara se destacou num projecto de coordenação de gruas, que até então ninguém tinha feito.


“É um trabalho de muita responsabilidade, um erro pode custar milhões de prejuízo”, salienta David, sublinhando que ambos têm a sorte de exercer a mesma profissão e de partilhar ideias e que estão a atingir o auge das suas carreiras.


O jovem casal vive em Bridgwater e tem um filho, Isaac, que nasceu em Inglaterra, mas tem nacionalidade portuguesa. David afirma estar adaptado ao país apesar de referir que o “Brexit” divide os ingleses e que há muitos que têm um quase sentimento de ódio em relação aos imigrantes.
Lara vê os ingleses como um povo mimado que não dá valor à riqueza que tem mas ambos admitem não terem sentido a segregação social que, segundo eles, existe em Portugal. “Aqui é difícil distinguir um rico de um pobre. Ninguém aqui é discriminado pela roupa que veste, por exemplo, e isso agrada-nos”, confessa Lara.


Apesar de não quererem regressar, têm saudades e, depois do nascimento do filho, começaram a vir mais vezes a Portugal e a conviver mais com a comunidade portuguesa. David admite que, no tempo do confinamento, devido à pandemia de Covid-19, pensaram mesmo em voltar definitivamente e trabalharem à distância. No entanto, a empresa retomou a sua actividade e a chefia de Lara exige trabalho presencial.

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