Há muito racismo contra os ciganos
Após o episódio de agressões a um empresário, a revolta contra a comunidade cigana instalou-se no concelho Benavente. Quatro meses depois O MIRANTE foi ver como vive uma família dessa etnia que está há mais de duas décadas em Samora Correia.
Era para ser temporário, mas já estão naquele terreno que é propriedade da Companhia das Lezírias, em Samora Correia, há mais de duas décadas. Em frente ao contentor a que chama de casa, José Figueiredo, acena-nos ao mesmo tempo que anuncia a nossa chegada aos restantes membros da família. “É aqui que vivemos há 20 anos à espera de uma casa que nos prometeram”, diz, apressando-se a mostrar os quatro cantos da habitação que partilha com Benvinda Oliveira, a esposa de cabelo negro e avental ao peito e Leonel, um filho com atraso cognitivo.
“Gostava de não ser cigana”, atira Sofia Figueiredo, de olhos verde-água e longos cabelos negros, enquanto aconchega no colo o pequeno Azael Silva, de um ano. “Há muito racismo e tenho medo que aconteça aos meus filhos o que aconteceu comigo. Na escola olhavam-me de lado, punham-me menos comida no prato, chamavam-me cigana e eu não gostava”.
*Reportagem desenvolvida na edição semanal em papel desta quinta-feira, 22 de Outubro