Sociedade | 21-12-2020 14:02

Montaria na Quinta da Torre Bela mata mais de quinhentos animais e gera polémica

Montaria na Quinta da Torre Bela mata mais de quinhentos animais e gera polémica

Abate de centenas de veados e javalis está a motivar críticas e descontentamento entre a população e já alastrou à esfera política. PS de Azambuja fala em massacre.

Uma montaria que aconteceu a semana passada, na Quinta da Torre Bela, em Azambuja, está a causar polémica devido ao abate de cerca de 540 animais, entre javalis e veados. A O MIRANTE chegaram testemunhos de pessoas que residem perto da herdade, propriedade privada, que falam em tiros durante todo o dia de quinta-feira, 17 de Dezembro. A montaria, que envolveu 16 caçadores, foi promovida pela empresa espanhola Huntings Pain Portugal, que todos os anos promove acções de caça em Portugal e Espanha.

O MIRANTE entrou em contacto com os responsáveis pela empresa, via whatsapp, para conseguir ter acesso ao calendário de caça, para tentar perceber se de facto esta montaria teve lugar na Quinta da Torre Bela, mas não obteve resposta. Já os responsáveis pela herdade, também contactados por O MIRANTE, remetem-se ao silêncio e dizem não ter conhecimento da acção.

No entanto, são inúmeras as pessoas que, nas redes sociais, confirmam que esta acção teve lugar na Torre Bela, tendo até feito chegar várias imagens ao nosso jornal, partilhadas nas redes sociais pelos promotores do evento. As imagens foram alvo de centenas de partilhas e comentários de habitantes da região, que se mostram revoltados com a acção.

O MIRANTE também entrou em contacto com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), mas não obteve resposta até ao momento. Esta montaria já mereceu comentários dos autarcas do concelho de Azambuja, que souberam da ação pelas redes sociais.

O vereador com o pelouro do ambiente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio, disse a O MIRANTE, que, tratando-se de uma propriedade privada, a autarquia não pode tomar decisões. “Não é uma zona de caça municipal, logo nós não podemos fazer nada em relação ao assunto”. Acrescentou que não existe um número limite para a caça de veados e javalis, “depende é do bom senso das pessoas”, acrescentou Silvino Lúcio, que aproveitou para criticar a acção: “Não vale tudo, sou completamente contra o que aconteceu”.

A concelhia do PS de Azambuja, que também é liderada por Silvino Lúcio, tomou posição pública sobre o assunto, referindo que a montaria “não foi caçar, foi massacrar aqueles animais que não tinha por onde fugir”. Os socialistas informam ainda que irão comunicar ao ICNF “este verdadeiro ataque à natureza para que verifique da legalidade daquele ataque soez”.

Recorde-se que a Agência Portuguesa do Ambiente está a avaliar o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) para a instalação de mais de 650 mil painéis solares na Quinta da Torre Bela. A Câmara Municipal de Azambuja realizou, na passada semana, uma reunião com os representantes das empresas responsáveis pela instalação dos painéis, os quais garantiram a preservação da biodiversidade na Quinta da Torre .

O projecto envolve uma área de caça, onde se podem encontrar javalis e veados. No entanto, as mesmas empresas garantem ainda, no EIA, que estas espécies serão transportadas para outro local da Quinta da Torre Bela.

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