A construção do novo Centro Escolar da Linhaceira, em Tomar, iniciada em Maio de 2018, tem dado muitas dores de cabeça à câmara presidida por Anabela Freitas (PS). A empreitada, que foi adjudicada, em Dezembro de 2017, à empresa Tecnorém – Engenharia e Construções, S.A por cerca de 1,6 milhões euros, previa um prazo de execução de 360 dias, mas ainda não foi concluída. As constantes prorrogações do prazo, aprovadas em várias reuniões de câmara, são o reflexo, afirmou a presidente na última sessão camarária, do mau trabalho da empresa à semelhança de muitas outras intervenções que tem a seu cargo. Os principais prejudicados são os professores e alunos que continuam a ter aulas em contentores.

O vereador Fernando Madureira (PSD) proferiu palavras muito fortes para classificar o desempenho da empresa. “Se fosse empreiteiro desta obra tinha problemas de consciência. Não estamos a falar da construção de uma estrada; aqueles alunos e professores estão fechados dentro de contentores em plena pandemia”, sublinhou. O autarca social-democrata continuou, referindo que compreende que o executivo tenha de prorrogar os prazos para concluir a obra e não perder o financiamento do Estado, mas exige que a autarquia fiscalize melhor e penalize o empreiteiro. “Já são desculpas a mais. Espero sinceramente que a câmara actue com todas as forças para que a empresa seja penalizada”.

O mobiliário do novo Centro Escolar da Linhaceira já está adquirido, assim como os computadores e restantes materiais escolares. A sua abertura continua adiada devido à falta de acabamentos exteriores, nomeadamente no pátio da escola. Anabela Freitas garante que vai penalizar a empresa de acordo com o que está contratualizado e legalmente previsto. “Não se imagina o trabalho que temos tido com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo para não perder o financiamento. É um atraso inadmissível e que tem de ser penalizado”, assegura. A autarca diz ainda que o calor que Fernando Madureira colocou na sua intervenção não é menor do que a própria utiliza quando liga para a empresa a pedir explicações.

Fonte da empresa que falou com O MIRANTE diz que as críticas dos autarcas são pura luta política. “Se se dessem ao trabalho de consultarem os documentos saberiam as verdadeiras razões dos atrasos. Esta obra teve vários problemas pelo meio. Alguns projectos de execução não eram compatíveis com as condições reais existentes no terreno. “Tiveram que ser feitos novos projectos e consequentes procedimentos administrativos legais durante o decorrer da empreitada”, diz o técnico, que adiantou ainda que a empresa podia ter suspendido a obra por não ter os projectos, mas que nunca o fez por razões de bom relacionamento com a autarquia.

As obra deverão ficar concluídas dentro de dois meses, segundo o documento de prorrogação do prazo, aprovado pelos autarcas, e que também foi confirmado pelo técnico da Tecnórem.

UM CENTRO ESCOLAR NA CALHA HÁ 10 ANOS

O novo Centro Escolar da Linhaceira está previsto desde o tempo em que o PSD geria a câmara, em 2010. Desde essa altura que os alunos, do ensino básico, estão espalhados em vários edifícios na aldeia, incluindo contentores, sendo que também já estiveram no salão paroquial da Igreja da Linhaceira. O centro escolar chegou a ser descrito como prioritário na Carta Educativa do Concelho e tinha a sua concretização prevista para 2010, mas nunca se conseguiram as candidaturas disponíveis no âmbito do Quadro de Referência Estratégia Nacional (QREN). O centro escolar localiza-se no lado poente do Salão Multiusos da Associação Cultural e Recreativa de Linhaceira, num terreno cedido pela colectividade em troca de financiamento para a construção do seu pavilhão.