Sociedade | 20-01-2021 10:00

Uma canção para Carminho

Uma canção para Carminho
SOCIEDADE

Enfermeiro compõe música em homenagem a sobrinha com doença rara. Menina de três anos, residente no Frade de Cima, foi diagnosticada com Síndrome de West, que causa convulsões e atraso no desenvolvimento motor e cognitivo.

Sentada confortavelmente no canto do sofá, Carminho sorri enquanto o tio, Diogo Carapinha, e a irmã mais velha, Matilde, de 7 anos, brincam com a menina e lhe dão beijinhos. Aos três anos Carminho foi diagnosticada com uma doença rara, chamada Síndrome de West, que se caracteriza por convulsões. Foram essas convulsões que deixaram em alerta a família que vive no Frade de Cima, concelho de Alpiarça. O tio, Diogo, e a mãe, Liliana Carapinha, ambos enfermeiros, procuraram ajuda médica para descobrirem o problema da menina.

Aos cinco meses Carminho tinha um desenvolvimento normal que começou a regredir com o surgimento de convulsões descontroladas. “Quando nos foi dado o diagnóstico acabámos por sossegar um bocadinho, porque pelo menos já sabíamos o que era e como tínhamos que lidar. Mas foi difícil, é sempre difícil, encarar que a nossa menina não vai ter uma vida fácil”, explica Diogo Carapinha. A doença provoca espasmos e provocou um atraso no desenvolvimento motor e cognitivo. Aos três anos a menina ainda não fala nem consegue andar.

Carminho tem feito fisioterapia intensiva em Torres Novas mas precisa de muitas sessões. No entanto, apresenta pequenas evoluções. Agora já se senta. Estes progressos são pequenas vitórias que a família celebra. Os pais de Carminho iniciaram uma campanha de recolha de tampinhas e o dinheiro angariado será para pagar os tratamentos de fisioterapia, que são caros.

Apaixonado por música desde criança, Diogo Carapinha, 27 anos, decidiu compor uma música de homenagem à sobrinha Carminho. A letra da música foi escrita há alguns anos e inicialmente era uma versão para fado que Diogo entretanto colocou de lado. Quando a sua irmã começou a recolha de tampinhas o enfermeiro lembrou-se de escrever uma música para a sobrinha mais nova. A letra de “Um Anjo sem Asas” surgiu numa tarde em sua casa. Em frente ao computador, com um microfone, um piano e material de gravação, a nova versão da música começou a ganhar forma. “A minha mãe estava na cozinha a ouvir e disse que até estava giro. Ela não liga muito à minha paixão pela música, por isso se diz que está bom é porque estava mesmo. E continuei até ao resultado final”, recorda a O MIRANTE.

O videoclip foi gravado no Museu dos Patudos, em Alpiarça, e começa com Matilde a empurrar o carrinho da irmã Carminho enquanto diz o início da música: “Era uma vez um anjo que não podia voar”. Depois é Diogo Carapinha quem canta apoiado por Pedro Pinhal (viola), Susana Castro Santos (violoncelo) e Patrícia Tomé (violino).

Uma mensagem de alento e carinho

“Esta música é uma homenagem à Carminho mas também uma mensagem para todas as famílias que passam por situações parecidas com as da minha sobrinha. Uma das mensagens que quero passar é que, apesar de todas as adversidades, não estamos sozinhos. Numa época em que não conseguimos estar todos tão próximos esta é uma forma de dar alento e carinho a quem se sentir perdido”, explica o enfermeiro.

Diogo Carapinha não tem o intuito de ganhar dinheiro com a música. “Só se fosse muito conhecido é que ganharia dinheiro com o videoclip nas plataformas digitais. Quero dar algo diferente à minha sobrinha”, confessa. Diogo publicou a música com o NIB da conta da Carminho para o caso de alguém querer fazer um donativo para ajudar a pagar a fisioterapia cujos tratamentos vão demorar anos. Além disso, Carminho é acompanhada regularmente com consultas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Apaixonado por enfermagem e música

Diogo Carapinha é apaixonado por enfermagem e música. Desde criança que gosta de acordes e aos 15 anos entrou para a Sociedade Filarmónica Alpiarcense onde aprendeu a tocar saxofone alto. Mais tarde entrou para o Orfeão de Alpiarça onde aprendeu a cantar. Durante a licenciatura na Escola Superior de Saúde de Santarém integrou as tunas Scalabituna e Arriba-Ó-Tunapikas. Actualmente, concilia a enfermagem com a música e diz que é assim que é mais feliz.

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