Autarca de Tomar quer dinheiro da ‘bazuca’ para combater poluição no Nabão
Investimento na ETAR de Seiça e na rede de drenagem de águas residuais que lhe está associada é fundamental para acabar com descargas nocivas no rio.
Os crimes ambientais cometidos no rio Nabão, em Tomar, estão na ordem do dia há vários anos, mas os constantes episódios de poluição nunca foram resolvidos. Depois de mais um fim-de-semana de descargas poluentes, deixando o rio, que atravessa a cidade, com espuma de cor acastanhada e mau cheiro, a presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas (PS), convocou uma conferência de imprensa online, realizada na segunda-feira, 22 de Fevereiro, onde convidou os tomarenses a juntarem-se à luta por um rio mais limpo.
Como está a decorrer, até ao início de Março, a consulta pública do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), é intenção do município enviar uma proposta reclamando investimento na ETAR de Seiça, onde está uma boa parte do problema. A autarca pede à população que se dirija ao sítio de Internet que o Governo criou (consultalex.gov.pt) e demonstre a sua indignação.
“Esta é a altura certa para fazermos barulho e sermos ouvidos pelas pessoas que podem fazer alguma coisa pelo nosso rio. Estudem a nossa proposta, façam as vossas, mas sobretudo, não se calem e revoltem-se”, sublinhou a autarca.
Sobre a proposta que a câmara vai apresentar, Anabela Freitas afirma que incide na necessidade de se investir cerca de 22 milhões de euros para reduzir os focos de poluição que têm origem, sobretudo, na ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de Seiça e na rede de drenagem de águas residuais que lhe está associada. Equipamentos sob a alçada da empresa intermunicipal Tejo Ambiente.
A autarca refere ainda que, a montante do concelho, não existem sistemas separativos nas condutas o que faz com que as águas da chuva vão para as condutas de esgotos domésticos. O que sobrecarrega a ETAR sempre que há mais pluviosidade.
Recorde-se que a presidente já admitiu, em assembleia municipal, disponibilizar recursos humanos para as obras, desde que as intervenções sejam financiadas.
Os focos de poluição no rio Nabão acontecem há décadas e são mais visíveis nos dias em que chove com mais intensidade. O município de Tomar tem emitido ao longo do tempo vários comunicados onde fala em preocupação e vergonha por mais episódios de poluição e lamentando que as autarquias não tenham poder para intervir directamente nas questões relacionadas com os rios, fora do espaço urbano, ou poluição em geral.
Na conferência de imprensa, Anabela Freitas voltou a referir que a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) tem de sair do gabinete e ir ao terreno ver com os seus próprios olhos o que se passa; “se for preciso nós vamos lá buscá-los”, remata, a presidente.