Aterro de Mato da Cruz está saturado mas Valorsul não tem alternativas
Aterro sanitário não vai fechar este ano como os autarcas e os moradores reclamavam. Câmara de Vila Franca de Xira critica e pede selagem definitiva do equipamento, mas a empresa pretende usá-lo até não poder mais.
A Valorsul não tem intenção de construir um novo aterro nos anos mais próximos e quer esgotar a vida útil do de Mato da Cruz, entre Calhandriz e Alverca, para desgosto da Câmara de Vila Franca de Xira. Os autarcas há algum tempo que batalham para que o aterro feche devido ao facto de a população se sentir incomodada. A novidade surgiu à margem de uma reunião de accionistas, entre os quais está o município.
A empresa garante que o equipamento ainda tem bastante capacidade para armazenar lixo e cinzas inertizadas, que são queimadas na central de incineração de São João da Talha, em Loures. No plano de actividades da empresa para o triénio 2019-2021 refere-se o início do processo de selagem de algumas células do aterro, mas não a sua completa desactivação, situação que merece críticas do presidente da câmara, Alberto Mesquita, que diz já não saber o que dizer para convencer a Valorsul de que tem rapidamente de encontrar outra solução.
Para o autarca se o aterro não está saturado deve estar muito perto disso. Alberto Mesquita continua a defender o fecho total do aterro no final deste ano independentemente do que diz a empresa, realçando que o concelho não pode continuar a ser sacrificado. Até agora não é conhecido qualquer projecto de localização alternativa para aquele equipamento.
O projecto para começar a selar algumas células do aterro de Mato da Cruz foi submetido à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo em Setembro de 2019. A empresa recebeu, em Outubro de 2020, uma aprovação condicionada à elaboração de um plano concreto de desactivação total do aterro, incluindo das células de resíduos urbanos e das células de cinzas inertizadas. Plano esse que a Valorsul ainda não tinha feito e só planeava desenvolver quando se esgotasse a capacidade de Mato da Cruz. A empresa aguarda por autorização da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) para elaborar o plano, já que o custo não estava previsto em orçamento.
Uma montanha com dois milhões de toneladas de lixo
Em Mato da Cruz, onde em tempos existia um vale, está hoje uma montanha de dois milhões de toneladas de resíduos, que foram sendo depositados no local desde que o aterro começou a funcionar em 1996. O município reclama há quase uma década a desactivação da unidade e chegou a recusar e inviabilizar um plano de expansão previsto para o local, de que O MIRANTE deu nota. O aterro substituiu a lixeira a céu aberto que existia no espaço. Foi criado com o compromisso da entidade que o explora de que logo que as células estivessem cheias o espaço iria sendo reconvertido em áreas de lazer e usufruto público, o que ainda não aconteceu.