Sociedade | 06-05-2021 13:47

Alverca evoca memória de um dos maiores acidentes ferroviários do país

Alverca evoca memória de um dos maiores acidentes ferroviários do país
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As feridas da aparatosa colisão de comboios de 1986 na estação da Póvoa de Santa Iria continuam abertas e ainda hoje há quem viva com as sequelas deixadas pelo desastre.

A cidade de Alverca fez as pazes com a história e numa cerimónia carregada de emoção inaugurou, na noite de 5 de Maio, uma placa evocativa do acidente ferroviário ocorrido na estação da Póvoa de Santa Iria em 1986, que matou 18 pessoas e causou ferimentos graves a outros 80 passageiros.

O memorial, inaugurado precisamente 35 anos depois da tragédia e localizado junto da estação de comboios da cidade, evoca a memória dos sete jovens de Alverca que morreram na composição quando iam a caminho da escola onde estudavam, em Lisboa. A seguir a Alcafache, o acidente ferroviário da Póvoa de Santa Iria foi o segundo mais grave ocorrido em solo nacional e mostrou quão frágil eram os serviços médicos e de socorro da altura. Era uma segunda-feira e passavam poucos minutos do meio-dia. Um erro humano aliado a um inexplicável atraso de um comboio regional que vinha da Covilhã acabou em desastre quando este embateu a alta velocidade contra o sub-urbano da Azambuja que recuava para mudar de linha. A maior parte das vítimas estava na última e na primeira carruagem dos dois comboios, as mais afectadas pelo impacto.

“Ia na hora errada no sítio certo”, recorda a O MIRANTE António Carlos Dias, que nunca entrava na última carruagem dos comboios mas que, naquele dia por ter adormecido, não teve escolha. A viagem custou-lhe três meses em coma e sobreviveu por milagre depois de ter sido trespassado por uma barra de ferro da carruagem. “A carruagem ia cheia de jovens. Quando olhei para o vidro traseiro só vi o impacto e ouvi um estrondo. Acordei já no hospital”, recorda António, hoje com 62 anos. Ainda hoje se lembra dos rostos dos amigos que perdeu naquela viagem. “De vez em quando parece que ainda me saem pequenos vidrinhos da cabeça. Foi horrível”, conta, emocionado. Sofreu múltiplas operações e teve de receber acompanhamento psicológico.

* Notícia desenvolvida na edição de O MIRANTE de 13 de Maio

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