Azambuja reconhece o mérito de filhos ilustres da terra
Várias personalidades e colectividades foram distinguidas no feriado municipal. O eleito da assembleia municipal, Daniel Claro, recebeu a Medalha de Honra do Município, a condecoração mais alta.
A Câmara Municipal de Azambuja entregou medalhas de mérito a individualidades e colectividades do concelho na Quinta-Feira de Ascensão, feriado municipal este ano celebrado a 13 de Maio. Foram distinguidos os ranchos folclóricos e bandas filarmónicas do concelho, que aproveitaram para apelar a que autarcas e governantes olhem mais para a cultura.
Para além das colectividades, foram ainda distinguidos quatro funcionários municipais e três individualidades: o activista Miguel Duarte, o cientista José Xavier e o fundador das bibliotecas municipais, Manuel Geada.
O deputado municipal Daniel Claro recebeu a Medalha de Honra do Município, a condecoração mais alta. No seu discurso, lido pela filha, Catarina, o eleito do Bloco de Esquerda diz que se sente honrado pela distinção, possível apenas com o trabalho e a ajuda de todos aqueles que se cruzaram com ele.
A cerimónia terminou com o discurso do presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa (PS), que agradeceu o trabalho realizado pelos distinguidos, esperando que as medalhas lhes tragam ainda mais alento para continuar o seu trabalho.
Um lutador pela cultura em Azambuja e um cientista que viveu na Antárctida
Um dos condecorados, Manuel Geada, é considerado um nome importante da cultura azambujense porque foi o responsável pela criação da primeira biblioteca em Azambuja, em 1962, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.
A O MIRANTE, Manuel Geada, de 85 anos, recorda que esteve sozinho nessa luta porque, na época, “as pessoas que mandavam na câmara municipal achavam que a população não precisava de livros mas de trabalho”.
A dedicação aos livros foi tão grande que Manuel Geada, natural de Santarém, para além de ir buscar os livros à capital, esteve entre 1962 e 1985 a trabalhar sem remuneração na biblioteca, conciliando a missão com o emprego que tinha na empresa Sugal, que deixou em 1985, altura em que começou a receber uma remuneração da autarquia para estar à frente da Biblioteca de Azambuja.
Um ano depois, em 1986, concluiu o Curso de Preparação de Técnicos Auxiliares de Biblioteca, da Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (APBAD). Já nos anos 90 começou a levar livros às freguesias de Vale do Paraíso, Manique do Intendente, Maçussa e Alcoentre e esteve presente na abertura da Biblioteca de Aveiras de Cima.
Estudar pinguins na Antárctida
Outro dos condecorados foi o cientista José Xavier, natural de Azambuja, que é actualmente professor na Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Ciências do Mar e Ambiente (MARE).
Desde 1997 que se dedica à investigação na Antárctida, onde estuda o comportamento dos pinguins, albatrozes e focas. Chegou a viver nove meses nesse continente gelado, primeiro a bordo de um navio e depois numa base de investigação com outros cientistas. Os resultados foram depois publicados num livro chamado ‘Experiência Antárctica’. O cientista já escreveu para mais de 100 publicações cientificas, incluindo a revista cientifica ‘Nature’.