Sociedade | 09-06-2021 15:51

Autoridades de saúde acusadas de boicotarem corridas de toiros em Santarém 

Autoridades de saúde acusadas de boicotarem corridas de toiros em Santarém 

Presidente do município e associação que explora a praça de toiros da cidade criticam restrições impostas pelas autoridades de saúde que levaram ao adiamento dos dois espectáculos previstos para a semana da Feira da Agricultura.

O presidente da Câmara de Santarém lamenta o adiamento das corridas de toiros que se iriam realizar nos dias 10 e 12 de Junho na praça de toiros da cidade e acusa as entidades responsáveis de mudarem o cumprimento das regras de combate à Covid-19. “Quando essas regras mudam consoante o dia do mês, a geografia e a nacionalidade torna-se difícil explicar às pessoas e sensibilizá-las para o cumprimento de regras de combate à pandemia. Existem regras ao domingo e outras à quinta-feira; umas para Lisboa, outras para a Chamusca e Alcochete e ainda outras para Santarém”, criticou Ricardo Gonçalves.

A Associação Praça Maior, que explora a Praça de Toiros Celestino Graça, decidiu, na terça-feira, 8 de Junho, adiar as corridas depois da Delegada de Saúde de Santarém, Helena Sousa, ter limitado a capacidade da praça a cerca de 30 por cento em vez dos 50 por cento que a associação considera ser de lei. Também a determinação do Delegado de Saúde Regional de Lisboa e Vale do Tejo, António Carlos da Silva, que permitia que a lotação fosse de 50 por cento, mas que condicionava a entrada na Monumental Celestino Graça apenas a quem apresentasse teste negativo à Covid-19, fez com que fosse tomada essa decisão.

Ricardo Gonçalves referiu na sua página pessoal da rede social Facebook não aceitar diferentes pesos e medidas para situações similares. O autarca garante ter-se empenhado para que as corridas se realizassem em segurança e cumprindo todas as normas da Direção-Geral de Saúde (DGS). “Estes esforços tiveram, pelo menos, o efeito para que as entidades de saúde recuassem e admitissem a lotação de 50% (em vez dos 3.500 espectadores por elas propostos). No entanto, a exigência da apresentação de testes negativos seria extremamente difícil aos promotores fazerem cumprir”, acrescentou.

“Abuso de poder e ataque discriminatório”

O presidente da Câmara de Santarém realçou a importância dos espectáculos tauromáquicos para a tradição cultural e a economia local. Também a Praça Maior, associação que explora a Praça Celestino Graça, considera esta posição da Delegada de Saúde de Santarém um “inacreditável abuso de poder e um ataque discriminatório à Praça de Toiros Celestino Graça e à própria tauromaquia”.

A autoridade de saúde exigiu, na sexta-feira, 4 de Junho, que a lotação da praça tivesse limite de 3.500 lugares quando, segundo a Praça Maior, os bilhetes para uma das corridas já estavam esgotados e muitos ingressos já vendidos para a segunda. “Entende esta senhora que a praça de toiros Celestino Graça não é uma sala de espectáculos, classificação que a Inspecção Geral de Actividades Culturais atribui, arrogando-se assim o direito de ditar as normas de realização dos espectáculos que para ela estão anunciados. Estranhamente, a coordenadora da Saúde Pública no território da Lezíria entendeu, há poucos dias, autorizar corridas de toiros na Chamusca e Salvaterra de Magos”, acusam.

A Praça Maior conta que a Delegada de Saúde tomou esta decisão justificando que na corrida realizada na praça de toiros de Santarém, em Setembro do ano passado, os aficionados “se portaram mal”. Os dirigentes explicam que a corrida esgotou a lotação permitida de 50% tendo sido “rigorosamente” implementado todo o Plano de Contingência da Praça, actualizado naquela data e aprovado pela DGS.

Os dirigentes da Praça Maior revelam que a segunda razão dada pela Delegada de Saúde é a actual situação epidemiológica. “Quando em Setembro do ano passado não tínhamos vacina, nem sabíamos quando íamos ter, foi autorizada uma corrida de toiros. Hoje, que temos quase seis milhões de vacinas administradas, 37,5% da população com pelo menos uma dose de vacina, incluindo todos os grupos de risco proíbem a realização das corridas previstas”, questionam, indignados.
O MIRANTE tentou contactar a Delegada de Saúde de Santarém mas não conseguiu fazê-lo até ao fecho desta edição.

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