Confinamento fez acelerar casos de alcoolismo

Aumentou o número de pedidos de ajuda, sobretudo de pessoas com mais de 40 anos.
O teletrabalho e o confinamento desestruturaram e descontrolaram muitas pessoas, acelerando o alcoolismo. A informação foi dada pela psicóloga Sónia Oliveira, da Unidade de Tratamento Intensivo de Toxicodependências e Alcoolismo (UTITA), que participou na sessão pública do 9º aniversário do núcleo de Alcoólicos Anónimos (AA) do Cartaxo .
O facto da pessoa ter a rotina de ir para o trabalho ajuda a que não se beba tanto e a mudança desses hábitos levou a que muitas pessoas se tenham refugiado no álcool. Prova disso foi o aumento dos pedidos de ajuda durante o confinamento.
Pessoas dependentes de álcool pedem ajuda, sobretudo a partir dos 40 anos. Sónia Oliveira explicou que o alcoolismo é uma doença crónica porque a pessoa não tem capacidade de controlar o consumo. “A fase inicial da doença não é muito evidente, só para os mais próximos. A perda de controlo é o sintoma mais evidente para perceber o que está a acontecer. Quando se perde o controlo sobre a bebida torna-se uma doença”, esclarece.
A psicóloga refere que o alcoolismo feminino é muito mais solitário. As mulheres vão-se isolando, ao contrário dos homens que começam a programa a sua vida de modo a que a bebida faça parte da sua rotina. Sónia Oliveira afirma que o alcoolismo é, provavelmente, a única doença em que existe a negação do próprio.
* Reportagem desenvolvida na edição semanal em papel desta quinta-feira, 10 de Junho
