Mulheres das obras
Cristiana Bento e Sandra Freilão optaram por uma profissão num sector dominado por homens. Trabalham nas obras e fazem de tudo, inclusive enfrentar o estereótipo do que é ou não trabalho adequado para uma mulher.
Passaram por muitas outras profissões até decidirem entrar num mundo que ainda é considerado uma coutada masculina. Entraram a medo, com dúvidas em relação às tarefas, mas com a certeza que seriam capazes de fazer o que eles fazem: montar andaimes, chapar massa, assentar chão, pintar paredes e carregar todo o tipo de material.
Cristiana Bento e Sandra Freilão sabiam que iam ser olhadas de lado pelos colegas, questionadas por amigos e familiares, mas isso não as demoveu. Trabalham na construção civil e são felizes com a sua escolha, que ultrapassou o estereótipo que diz à sociedade que há trabalhos que não são para mulheres.
É entre o barulho de uma betoneira e uma parede em tijolos, numa obra em Samora Correia, que encontramos Cristiana Bento, de cabelo preso e roupa salpicada de tinta e restos de cimento. O à vontade com que dá indicações aos dois colegas homens que a acompanham nas tarefas revela experiência. Do lado deles, a naturalidade com que as acatam revela que o preconceito foi ultrapassado.
Para Sandra Freilão, ser a única mulher da equipa não é algo que a apoquente, ao contrário das dores nas costas que sente depois de um dia de trabalho. “Eles também as têm, não é um mal só de quem é mulher”, diz entre risos. Depois revela que a diferença é que quando chega a casa ainda tem mais duas horas de trabalho doméstico pela frente.
* Reportagem desenvolvida na edição semanal em papel desta quinta-feira, 17 de Junho