Sociedade | 24-06-2021 12:57

Casa de Camões em Constância é a morada da discórdia

Casa de Camões em Constância é a morada da discórdia

O MIRANTE vai publicar na próxima edição uma entrevista com José Luz, presidente do conselho fiscal da associação Casa Memória de Camões de Constância. Uma biblioteca camoniana de cinco mil livros, que a chuva terá destruído em grande parte, e o aproveitamento político da associação são os principais temas da conversa. Este texto é roubado a uma missiva de José Luz já depois da realização da entrevista.

José Luz, presidente do conselho fiscal da Casa Memória de Camões, deu uma entrevista a O MIRANTE, que vai ser publicada na próxima edição, onde fala de uma biblioteca camoniana de cinco mil livros, de que se perderam grande parte por incúria dos responsáveis da Casa. O MIRANTE escreveu sobre o assunto numa das últimas edições, e o presidente da actual direcção, António Matias Coelho, não gostou do título da capa do jornal e exerceu o direito de resposta. José Luz diz, na entrevista, que António Matias Coelho é um antigo avençado da câmara municipal de Constância, e que há certamente um "abuso de autoridade'' neste caso. Há margem da entrevista, e já depois da nossa conversa em Lisboa, junto à estátua de Camões, José Luz diz que "quando Matias Coelho tomou posse em 2016 não quis saber do inventário como era sua obrigação. Como pode afirmar o que existia ou não existia ou onde estava?

As testemunhas que apresenta no texto publicado em O MIRANTE estão mortas. Pedi-lhes os inventários várias vezes, ao longo destes anos e só me falavam em caixotes, e que não sabiam o que estava lá dentro. Agora parece que já sabem".

"Sobre as acusações que agora recaem sobre a grande obreira da Casa Memória de Camões, a jornalista Manuela de Azevedo, posso dizer que a visitava na sua casa e também posso testemunhar que ela criticou sempre a direcção de Ana Maria Dias (mulher de Máximo Ferreira, ex-presidente da Câmara de Constância), acusando-os de se terem apropriado da associação. Tenho um vídeo onde fala desse "assalto à Casa de Camões". "Há um dado relevante que é importante ser do conhecimento público. Quando em 2016 a funcionária me veio dizer que havia livros estragados no anexo do auditório, ela nunca citou Victor Fontes. Fui eu que citei, pois entrevistei inúmeras vezes Manuela de Azevedo, entre 1991 e 2002, e ela sempre me falou da biblioteca camoniana Victor Fontes. António Matias Coelho construiu agora uma narrativa nova com mortos.

Ele nem sequer era sócio da associação no período que cita no seu texto. A Camoniana foi deixada ao abandono pelas direcções que se seguiram a Manuela de Azevedo. Recordo que ela em 2006, ou pouco depois, já só era presidente honorária", lembra José Luz em missiva enviada a O MIRANTE, já depois da entrevista, onde acusa o actual presidente da câmara e a maioria dos políticos locais, de se apropriarem da associação e de boicotarem o associativismo que podia fazer daquela Casa o que sempre foi o objectivo de Manuela Azevedo.

Recordou ainda que nos inventários da Casa nunca constou a existência dos cinco mil livros, e faz a pergunta que certamente alguém vai ter que responder numa próxima assembleia da associação: "Como poderão saber o que perderam se não sabem o que tinham?"
Chama ainda a si a responsabilidade por toda esta polémica por não desistir de ver esclarecido o desaparecimento dos livros, e de outros bens da Casa Memória. "Se o António Matias Coelho afirma que tudo se passou há vinte anos, por que motivo só em 2016 a vice-presidente referiu que estavam a tentar recuperar os livros e só depois de pressionados por mim?"


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