Sociedade | 24-06-2021 21:00

Pandemia atirou 400 mil pessoas para a pobreza

Pandemia atirou 400 mil pessoas para a pobreza
SOCIEDADE

Um estudo releva que cerca de 400 mil pessoas ficaram na pobreza como consequência da pandemia de covid-19, aumentando as desigualdades entre os ricos e os pobres em Portugal.

Cerca de 400 mil pessoas caíram abaixo do limiar da pobreza devido à crise provocada pela pandemia da covid-19, agravando o fosso entre os ricos e os pobres em Portugal.

Um estudo do Observatório Social da Fundação “la Caixa”, da autoria do Center of Economics for Prosperity da Universidade Católica de Lisboa, concluiu que 400 mil novos indivíduos vivem abaixo do limiar da pobreza no país, aumentando a taxa de risco de pobreza em 25%.

Segundo o documento do estudo a que a Lusa teve acesso a pandemia resultou numa perda substancial de rendimentos para a população portuguesa, com o rendimento mediano anual a cair de 10.100 euros no cenário sem crise para 9.100 euros no cenário com crise.

Além disso, a crise provocada pela covid-19 teve efeitos assimétricos, uma vez que as classes baixa e média-baixa, a região do Algarve e as pessoas com escolaridade até ao nono ano foram os grupos mais afectados por esta crise, com perdas claramente acima da média nacional.

De acordo com o estudo, a maior parte das pessoas mais afectadas pela crise já se situava na metade inferior da distribuição de rendimento no cenário sem crise, o que fez com que aumentasse a desigualdade.

Os resultados mostram que a pandemia levou a um aumento de 25% da pobreza ao longo de um ano, quando comparados os cenários com e sem crise, pondo em risco os progressos feitos nos últimos vinte anos e invertendo a tendência de redução continuada da pobreza iniciada em 2015, quando a taxa de pobreza era de 19%.

O estudo, da autoria de Joana Silva, Anna Bernard, Francisco Espiga e Madalena Gaspar, salienta ainda que as políticas de protecção aplicadas pelo Governo em 2020 atenuaram o aumento da pobreza e da desigualdade em Portugal.

Sem a implementação de apoios os investigadores consideram que o confinamento inicial de oito semanas teria produzido aproximadamente o mesmo impacto sobre a pobreza e a desigualdade que aquele calculado para um ano inteiro. Assim, o lay-off simplificado, destinado a trabalhadores por conta de outrem, e os apoios extraordinários para trabalhadores por conta própria foram eficazes para atenuar o impacto da crise.

Alertam, no entanto, que a pandemia, ainda em curso, e a crise económica resultante, trazem consigo desafios orçamentais substanciais, uma vez que esforços governamentais de grande magnitude podem ser difíceis de sustentar por um período prolongado.

O Observatório Social da Fundação la Caixa” é um novo projecto que está a ser desenvolvido em Portugal com o objectivo de fazer diagnósticos sobre a realidade social nas áreas social, da educação e da cultura.

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