Accionista da Central do Pego diz que Governo vai leiloar o que pertence à Tejo Energia
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A TrustEnergy está contra a decisão do Governo em abrir um concurso para a conversão da central a carvão.
O accionista maioritário da Central do Pego defende que o ponto de injeção na rede que o Governo pretende colocar a leilão “pertence por direito à Tejo Energia”, empresa que detém actualmente o empreendimento. Em causa está a decisão do Governo em abrir um concurso, em Setembro, para a conversão da central a carvão, que será desactivada, um processo que gerou desacordo entre o sócio maioritário, a TrustEnergy e a Endesa, segunda maior accionista.
“A posição da TrustEnergy é que o ponto que o Governo pretende colocar a leilão pertence por direito à Tejo Energia”, defendeu o consórcio constituído pelos franceses da Engie e os japoneses da Marubeni, que detém 56 por cento da central do Pego (a Endesa controla por cento) e que divulgou, a 17 de Maio, um projecto de 900 milhões de euros para a conversão da central.
A TrustEnergy esclareceu ainda, numa nota enviada à Lusa, declarações feitas na Comissão do Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, no parlamento, onde foi referido que a conversão da central para queima de biomassa torrificada não ocorrerá logo após o fim da queima a carvão. A accionista considera que tal "não é factual”, pois a central “poderá começar a funcionar com biomassa torrificada produzida numa instalação de torrefação já existente em Portugal enquanto a cadeia logística de fornecimento de resíduos florestais locais não se estabelece”.
A TrustEnergy acrescenta que apresentou, "em Fevereiro, ao Governo um projecto faseado que garante a continuidade da operação com início na substituição do carvão por biomassa torrificada até à produção de metano verde, passando por produção de energia fotovoltaica e eólica, como também hidrogénio verde”.
“A solução que a TrustEnergy preconiza, com a utilização de resíduos florestais, irá contribuir para uma melhor gestão da paisagem na região onde está instalada a Central, aportando valor para a otimização da economia da floresta na região, contribuindo para a redução de incêndios florestais, numa região frequentemente assolada pelos mesmos. Esta proposta representa também a manutenção da actividade da Central do Pego, com a manutenção de postos de trabalho, bem como a vitalidade da economia local”, defendeu o presidente executivo da TrustEnergy, José Grácio, citado no comunicado.
O Ministério do Ambiente já anunciou que vai ser criada uma comissão para avaliar os projectos concorrentes ao ponto de injecção na rede eléctrica pública da central do Pego, com representantes locais e dos trabalhadores.
"O Ministério do Ambiente e da Ação Climática está em conversações com o município de Abrantes, com a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e com os representantes dos trabalhadores, de forma a acautelar as diversas preocupações na preparação do procedimento concorrencial", esclareceu o Governo, em comunicado.
A TrustEnergy, por sua vez, destacou que o seu projecto de 900 milhões de euros assegura a continuidade da Tejo Energia, e isso mesmo foi já assumido, por escrito, junto das entidades competentes. A TrustEnergy tem a maioria de 56 por cento do capital da Tejo Energia e para o projecto avançar e assegurar a continuidade da Central do Pego não precisa de um cenário de unanimidade para tomar decisões”.
Recorde-se que a Endesa não se entendeu com a TrustEnergy, e contrapõe com um investimento de 600 milhões de euros que inclui a construção de uma central solar fotovoltaica de 650 megawatts (MW).