Misericórdia de Sardoal paga salários em prestações devido às dificuldades financeiras
Trabalhadores da instituição reclamam por pagamento integral dos ordenados. Provedor da Santa Casa diz que não há possibilidades para proceder de outra forma, pelo menos enquanto não chegar o esperado apoio financeiro da Segurança Social.
Os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Sardoal aprovaram uma moção onde exigem o pagamento integral dos ordenados no final de cada mês e não em duas prestações, como tem acontecido nos últimos meses.
“Os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Sardoal, reunidos em plenário no dia 6 de Agosto, vêm exigir junto da mesa administrativa da instituição o pagamento integral do seu vencimento no final de cada mês de trabalho e não em duas prestações, como tem vindo a acontecer”, pode ler-se na moção aprovada pelos trabalhadores.
No documento, subscrito por mais de duas dezenas de trabalhadores do total de 70 funcionários da instituição e que foi entregue aos responsáveis da Misericórdia de Sardoal, é ainda exigido o “respeito pelas funções laborais constantes na legislação para cada categoria profissional e o respeito pelos horários de trabalho legalmente instituídos”.
Em declarações à Lusa, a representante do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA) disse que “a moção resulta das preocupações, dos direitos e das necessidades de cada trabalhador em satisfazer os seus compromissos pessoais”, reclamando à instituição o “pagamento integral do ordenado ao fim do mês e não como tem vindo a ser, que é 50% no fim do mês e 50% dias mais tarde”, situação que acontece na Misericórdia de Sardoal desde Dezembro de 2020.
Os trabalhadores exigem também o “respeito pelos conteúdos funcionais e pelos horários de trabalho”, uma situação agravada pela “exaustão física e mental” dos funcionários com uma “situação que se arrasta há vários meses, com ordenado pago aos ‘soluços’ e menos trabalhadores” na instituição, disse Teresa Faria.
Provedor reconhece dificuldades e espera socorro da Segurança Social
Os “problemas financeiros” daquela instituição de solidariedade social foram reconhecidos à Lusa por Anacleto Batista, provedor da Santa Casa da Misericórdia, tendo o responsável admitido estar a efectuar o “pagamento dos salários aos trabalhadores de forma parcelar por imperativos de ordem financeira” não havendo, assegurou, ordenados em atraso.
“Compreendemos a posição dos trabalhadores, mas não conseguimos [pagar de forma integral] e temos a necessidade imperiosa de fazer assim [o pagamento em duas prestações, uma no início do mês e o restante até ao dia 10 do mesmo mês], sendo certo que, neste momento, não há ordenados em atraso na instituição”, afirmou.
O responsável assegurou que a Segurança Social “tem conhecimento que os salários dos trabalhadores estão a ser pagos de forma parcelar” e que “tudo se alterará se e quando a ajuda for concedida no âmbito do pedido de apoio efectuado ao Fundo de Socorro Salarial” e ao qual se aguarda resposta favorável para o saneamento financeiro da Santa Casa da Misericórdia, afirmou.