Sociedade | 24-08-2021 15:00

Ministra deixa sector agrícola à deriva e agricultores dizem-se traídos

Ministra deixa sector agrícola à deriva e agricultores dizem-se traídos
Ministra da Agricultura esteve na inauguração da Feira da Agricultura deste ano mas só a compor o ramalhete. O ministro Siza Vieira foi quem discursou e representou o Governo

Mário Antunes, dirigente da Agrotejo, diz que Maria do Céu Antunes traiu os agricultores, não percebe de agricultura nem é forte politicamente. A CAP, dirigida por Eduardo Oliveira e Sousa, e contactado por O MIRANTE, diz que deixou de tratar de assuntos com a ministra e só fala de agricultura com o primeiro-ministro. Há muito que a confederação não tomava uma posição tão radical com um governante.

Os agricultores sentem-se atraiçoados pela ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, a ex-presidente da Câmara de Abrantes, que está a deixar à deriva o sector agrícola por falta de estratégia. O vice-presidente da Agrotejo, Mário Antunes, fala numa traição aos agricultores e ao sector. O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal – CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, ouvido por O MIRANTE, diz que não se sente traído porque não usa esse tipo de vocabulário, mas enquanto representante da maior organização de agricultores deixou de falar com a ministra e agora só comunica com o primeiro-ministro, António Costa. A decisão de Maria do Céu Antunes de à última hora decidir não dar uma ajuda por hectare de milho que garantiria a sustentabilidade do sector foi a gota de água de quem já estava a fartar-se da falta de estratégia.

Mário Antunes e Eduardo Oliveira e Sousa não percebem como é que uma ministra anda mais de um ano a negociar ajudas para compensar a redução dos apoios à produção de cereais em 2022 e depois tira o tapete aos produtores. A ideia que estava quase a ser aplicada era dar um apoio por hectare que mantivesse a cultura rentável. O dirigente da Agrotejo está solidário com a CAP porque considera que “não faz sentido falar com uma pessoa que mudou de opinião de uma semana para a outra.

O problema não está só nesta decisão. Há muito que os agricultores se sentem à deriva com a política, ou falta dela. Mário Antunes diz que quem lidera um ministério como o da agricultura ou tem conhecimentos técnicos e conhece a realidade do sector ou tem de ser politicamente forte. E Maria do Céu Antunes, realça, não tem uma coisa nem outra. Eduardo Oliveira e Sousa, sabendo-se que a CAP há muito tempo que não afronta o Governo, diz não entender esta forma de governar, que a ministra não está a transmitir confiança ao sector, que os agricultores sentem-se desamparados e não vêem qualquer estratégia, ao ponto de não saberem se devem investir ou em que culturas apostar.

O presidente da CAP, que é também presidente do Cnema em Santarém, na conversa com O MIRANTE dá um exemplo da falta de capacidade da ministra. Recentemente foi lançado um programa de apoio à troca de tractores antigos, que teve uma adesão três vezes superior ao que a medida comportava. A ministra anunciou que ia fazer um reforço financeiro do programa, mas ninguém sabe de nada. Há muito tempo que a CAP não cortava relações com um ministro, mas Eduardo Oliveira e Sousa, apesar de dizer que tem muito gosto em cumprimentar Maria do Céu Antunes, realça que neste momento a CAP não tem nada para lhe dizer.

A postura da ex-autarca, que há muito tinha a ambição de ir para o Governo e deixou o mandato na Câmara de Abrantes a meio, na opinião de Mário Antunes, não só está a prejudicar a agricultura, como também o mundo rural e as actividades conexas à agricultura. “Ela fala muitas vezes em sustentabilidade, mas não a está a dar ao sector”, sublinha o dirigente da Agrotejo, salientando que qualquer dia no interior não há actividades económicas nem pessoas.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1661
    24-04-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1661
    24-04-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo