Líder do Bloco de Esquerda diz que grandes empresas estão a “assaltar o interior”

Catarina Martins foi a Peso da Régua dizer que nos últimos anos, temos visto uma política da hipocrisia permanente para com o interior de Portugal.
A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusa os donos de empresas como a EDP e fabricantes de celulose de “assaltar” o interior ao extrair a riqueza existente.
“Aqui está a ser criada muita riqueza, aqui está a ser roubada muita riqueza e é contra esse assalto ao interior que aqui estamos, para dizer que é possível fazer diferente e que tem de ser feito diferente”, afirmou Catarina Martins em comício no Peso da Régua, na noite de sexta-feira.
Num comício de apoio a Enara Teixeira, candidata do Bloco de Esquerda a este concelho do distrito de Vila Real onde o partido tem pela primeira vez cabeça de lista às eleições autárquicas, a líder bloquista responsabilizou o poder nacional, mas também as autarquias.
“O poder local, que tantas vezes se queixa do centralismo, tem sido parte desta máquina que rouba recursos a quem aqui vive e tira recursos e possibilidade de vida aqui, porque tem feito parte da grande engrenagem do pôr o negócio sempre à frente dos direitos das pessoas”, acusou.
No seu entender, “dizer que não é possível” viver em territórios de baixa densidade, “porque não se gera riqueza onde vive menos gente é insultar toda a gente que vive no interior do país, que está a ver a riqueza que se esvai”.
“Não é quem sofre o terror dos incêndios onde há eucaliptos que está a ganhar dinheiro com a indústria da celulose, mas eles estão cá. Não é quem vê as barragens no rio como aqui que está a ganhar dinheiro com os preços da eletricidade mais caros da Europa, mas a riqueza está lá. A EDP, aliás, nem os impostos paga da venda das barragens”, apontou.
A líder acrescentou ainda que “não é quem vê os perigos das minas, quem sofreu os danos ambientais das minas passadas e sabe que tem perigo da mina futura que vê o dinheiro com a economia extrativista, serão sempre os donos dessas explorações”.
Catarina Martins considerou que “o território está desequilibrado” e dizer que “está menos gente” para justificar o encerramento de serviços públicos é, no seu entender, “só querer que esse território fique cada vez mais desequilibrado”.
“Nos últimos anos, temos visto uma política da hipocrisia permanente para com o interior. (…) Nunca houve uma mudança de paradigma em que se dissesse uma coisa tão simples que é que a responsabilidade política nacional e local é garantir o equilíbrio do território, o equilíbrio do investimento do território e o equilíbrio da distribuição da riqueza no território, e é para isso que cá estamos”, avisou.
A líder bloquista considerou que a ideia “de que o país não se pode dar ao luxo de ter um investimento equilibrado em todo o território é provavelmente das mais absurdas mentiras que já contaram” aos portugueses.