Descarga de fábrica de hidrogénio na Póvoa de Santa Iria alarma população
Moradores viram mancha verde no rio Tejo e vereador chegou a temer tratar-se de um atentado ambiental. Afinal a Agência Portuguesa do Ambiente permite que a fábrica de hidrogénio, visitada pelo ministro do Ambiente em Julho, deite mensalmente ao rio mais de 170 mil metros cúbicos de águas residuais.
Uma descarga de efluentes para o rio Tejo por parte da empresa de produção de hidrogénio HyChem, da Póvoa de Santa Iria, no dia 25 de Agosto, lançou preocupação na comunidade e causou alarmismo junto da população, mesmo tendo-se tratado de uma operação de descarga de águas residuais autorizada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA). A mancha verde e de cheiro ácido que foi sentida e vista durante mais de uma hora nas águas do rio gerou apreensão, em particular na comunidade piscatória da cidade, que foi das primeiras a dar o alerta.
O assunto acabou por ser abordado também em reunião de câmara, com Carlos Patrão, vereador do Bloco de Esquerda, a pedir explicações sobre o que disse ser um “alegado atentado ambiental” que teria contaminado as valas que saem daquela unidade industrial. O município enviou a fiscalização municipal às instalações da HyChem, também conhecida como a antiga Solvay, tendo apurado que as descargas são efectuadas com regularidade e objecto de análises trimestrais remetidas à APA e a O MIRANTE, garante estar a acompanhar a situação.
Na licença de utilização dos recursos hídricos para rejeição de águas residuais que a APA emitiu à empresa, e que O MIRANTE teve acesso, é anunciado que as águas remetidas ao Tejo são oriundas do processo de produção, de torres de refrigeração e de águas pluviais contaminadas. A empresa está autorizada a despejar para o Tejo 174 mil metros cúbicos por mês de efluentes que têm que cumprir determinados parâmetros.
Empresa diz nada ter a esconder
Contactada por O MIRANTE, fonte oficial da HyChem explica que o alerta público sobre a descarga “não tem qualquer fundamento” e que a fiscalização municipal foi rápida a ir à empresa observar e fotografar as águas da descarga, notando que as condições eram “perfeitamente normais”. A empresa garante cumprir sempre os valores limite de emissão constantes da licença da APA e lembra que a produção da fábrica decorre todo o ano e em contínuo.
Na resposta ao nosso jornal, a HyChem reconhece que é importante que a comunidade se preocupe com a defesa do ambiente, mas garante ser uma empresa cumpridora da lei. “Não realizamos descargas poluentes e as operações da empresa são escrutinadas diariamente pelos utilizadores do passeio ribeirinho. Como é público e notório, nada temos a esconder ou a dissimular”, conclui.