Sociedade | 19-09-2021 13:49

Morreu o historiador, sociólogo e crítico de arte José-Augusto França

Morreu o historiador, sociólogo e crítico de arte José-Augusto França

Natural de Tomar, que o distinguiu com a Medalha de Ouro da Cidade em 2014, doou parte do seu espólio ao museu da cidade natal.

O historiador, sociólogo e crítico de arte José-Augusto França morreu no sábado, 18 de Setembro, aos 98 anos, na casa de saúde de Jarzé, perto da cidade francesa de Angers, disse à Lusa a pintora Emília Nadal, sua amiga e da família. Era natural de Tomar, onde nasceu a 16 de Novembro de 1922, tendo doado parte do seu espólio ao museu da cidade natal.

No dia 1 de Março de 2014, feriado municipal em Tomar, foi distinguido pelo município a Medalha de Ouro da Cidade. José-Augusto França disse que ficou "siderado" com essa distinção e dedicou a medalha a três tomarenses: Maria Manuela Tamagnini, amiga de sua mãe, Nini Ferreira e ainda ao arquitecto José Faria. José Augusto-França doou, em 2004, parte da sua colecção, constituída por pinturas, esculturas, desenhos e fotografias, de 1932 até essa data, graças à qual foi criado o Núcleo de Arte Contemporânea em Tomar

Considerado uma referência na área das artes visuais e da cultura em Portugal, José-Augusto França encontrava-se internado há vários anos nessa unidade de cuidados continuados, após uma operação na sequência da qual sofreu diversos acidentes vasculares cerebrais. Deve ser cremado em França.

Da sua extensa obra, destacam-se os estudos sobre a arte em Portugal nos séculos XIX e XX, as monografias sobre Amadeo de Souza-Cardoso e Almada Negreiros, além de outros volumes de ensaios de interpretação e reflexão histórica, sociológica e estética sobre questões da arte contemporânea.

Enquanto teórico e divulgador, participou entre 1947 e 1949 nas actividades do Grupo Surrealista de Lisboa, de que fizeram parte, entre outros, Mário Cesariny de Vasconcelos e Alexandre O'Neill, e foi, na década seguinte, um defensor da arte abstrata.

Foi condecorado diversas vezes, como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1991), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2006) e as medalhas de Honra da Cidade de Lisboa (1992) e de Mérito Cultural (2012).

Diplomado pela École d'Hautes Études de Paris e doutorado pela Sorbonne, foi professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa desde 1974, onde criou os primeiros mestrados de História da Arte do país, e jubilou-se em 1992, tendo recebido das mãos do então Presidente Mário Soares a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, no final da última aula que deu.

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