Sociedade | 26-09-2021 18:00

Turma de alunos mal comportados ou com más notas em Marinhais gera contestação

Alguns pais estão contra a criação de uma turma na EB 2/3 de Marinhais, que junta alunos com dificuldades de aprendizagem e com mau comportamento. Um dos pais já se queixou para a Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares.

O Ministério da Educação recebeu uma queixa por causa da criação de uma turma na Escola EB 2/3 de Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos, com alunos com problemas de comportamento ou dificuldades de aprendizagem. Nelson Adriano, pai de um aluno dessa turma do 6º ano de escolaridade, não se conforma com a opção do estabelecimento de ensino, salientando que se trata de uma situação que roça a segregação social.

O Agrupamento de Escolas de Marinhais refere que todas as turmas foram constituídas de acordo com o estipulado nos normativos legais, foram aprovadas pelo conselho pedagógico do agrupamento em 21 de Julho de 2021 e homologadas pela Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE).

Segundo Nelson Adriano, a turma que tem, segundo refere, 17 alunos, foi criada em Julho, mas só agora no início do ano lectivo é que os pais se aperceberam da situação, reconhecendo que na altura não foram ver as listas das turmas. “Preocupa-me que um agrupamento escolar permita situações como estas a que nunca assisti no meu percurso escolar, desde o primeiro ciclo à universidade”.

A direcção do agrupamento, questionada por O MIRANTE, elenca várias características da escola, do seu modo de funcionamento e considerações sobre o ensino, não dando explicações directas sobre o que motivou a criação da turma e os objectivos.

A directora do Agrupamento de Escolas de Marinhais, Isidora Saramago, refere que o agrupamento “não se identifica, nem se revê nos termos anunciados” e que é um agrupamento onde “os alunos são e serão, sempre,” a prioridade. A directora diz ainda: “Somos uma escola alocada numa perspectiva ecológica, sistémica e holística das aprendizagens, numa vertente individualizada, orientada sob a égide da verdade, respeito e trabalho, permitindo uma maior flexibilidade, sensibilidade e diversidade cognitiva e emocional. Um ensino de qualidade, aceite e apreendido pelos alunos, que os conduzirá para o sucesso educativo, desde que estes encarem a sua formação académica com responsabilidade e lealdade”.

Nelson Adriano, que reconhece que o filho é irrequieto e tem problemas comportamentais, conta que, na reunião com os pais no início deste ano lectivo, a directora de turma deu a conhecer que a turma era constituída por alunos com alguns problemas, mas, garante, não foram comunicados os critérios.

Para o pai do aluno, o que terá mais sentido é distribuir os alunos com problemas pelas outras turmas para que exista integração e para que os estudantes com problemas possam evoluir. “Defendo outro tipo de valores e com esta situação está-se a tirar a oportunidade de haver um tratamento equilibrado e igualitário”, sublinha o pai do aluno, que fez uma exposição ao agrupamento. O progenitor sabe que há um período de reclamações das listas das turmas, mas reconhece que não foi ver na altura as pautas.

A directora do agrupamento, sem se referir especificamente a essa turma, diz a O MIRANTE, numa resposta por escrito, que o agrupamento garante “a orientação educativa reforçando e valorizando as competências individuais (conhecimentos, capacidades e atitudes), contribuindo para a formação de cidadãos participativos, democráticos, críticos, criativos, solidários e com formação diferenciada em termos pessoais, cívicos, ecológicos e académicos”. Isidora Saramago refere ainda que a missão do agrupamento é “pautada pelos valores que consideramos estruturais do ser humano e que servirão de âncora para a evolução académica”.

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