Passagem de ano na Chamusca para meia centena de pessoas custou mais de 20 mil euros
Os dois espectáculos musicais que a Câmara da Chamusca contratou para a noite de passagem de ano custaram mais de 17 mil euros. A festa também teve animação e fogo-de-artifício. Apesar das altas expectativas a iniciativa contou com pouco público e a maioria não residia no concelho.
Os artistas contratados pelo município da Chamusca para animar a noite de passagem de ano custaram aos cofres municipais 17.500 euros. David Antunes e a The Midnight Band e a dupla Luciana e Pri actuaram durante cerca de três horas num recinto colocado no parque municipal da vila. A iniciativa também teve animação e o tradicional fogo-de-artificio, o que faz com que o custo total estimado da festa se situe acima dos vinte mil euros.
O valor pago pela autarquia tem despertado curiosidade da oposição no executivo de maioria socialista, presidido por Paulo Queimado, e na população da Chamusca. As razões prendem-se pelo facto da festa se ter revelado um fracasso uma vez que, de acordo com o que O MIRANTE apurou, junto de algumas pessoas que estiveram no recinto, apenas marcaram presença nas comemorações cerca de meia centena de pessoas. A maioria do público vinha de fora do concelho, nomeadamente de Santarém, e estava a acompanhar um dos artistas que animou a noite.
O insucesso da iniciativa foi tão surpreendente para o município que, cerca de duas semanas depois, ainda não foi, e provavelmente nunca será, partilhada qualquer fotografia ou notícia nas redes sociais da autarquia, como habituamente acontece nestas ocasiões. Recorde-se que a câmara fez propaganda à noite de passagem de ano durante cerca de duas semanas e, em algumas das publicações que antecederam a festa, houve pessoas que se mostraram indignadas, afirmando que o município “não pode fechar os olhos para a saúde pública a troco de uma ou duas horas de diversão”.
Os comentários mais azedos explicam-se pelo facto de, na última semana do ano, o número de casos de Covid-19 no concelho da Chamusca ter triplicado, atingindo números perto da centena de infecções. Tal como aconteceu com o evento “Parque dos Sonhos de Natal”, a autarquia voltou a limitar os comentários nas redes sociais relativamente a esta iniciativa.
A entrada na festa era livre, embora tivesse que ser apresentado certificado de teste antigénio negativo ou certificado de recuperação à Covid-19. As medidas não chegaram para convencer os eleitos da Assembleia Municipal da Chamusca que, na sessão realizada a 21 de Dezembro, questionaram o presidente da câmara sobre o ‘timing’ dos festejos e os efeitos que um evento destes poderia ter na população. Paulo Queimado respondeu que a decisão pela realização da passagem de ano foi tomada em conjunto com os serviços de Protecção Civil e que as condições de segurança estavam garantidas.