Águas de Santarém perdeu 330 mil euros de receitas mas não mexe nos preços
Apoios concedidos por causa da pandemia reflectiram-se nas contas da empresa municipal de água e saneamento. Factura da água não tem actualização em 2022 mas já se antevêem aumentos para o ano.
A empresa municipal Águas de Santarém estima em 330 mil euros a quebra de receitas, em 2021, resultante dos apoios directos e indirectos destinados a famílias, empresas e instituições num ano marcado pela pandemia de Covid-19. Apesar dessa diminuição de proveitos, a empresa decidiu manter inalterado o tarifário de água e saneamento básico no concelho de Santarém em 2022, embora para o próximo ano se preveja já um reajuste de preços.
Na reunião de câmara onde foi aprovado o tarifário para 2022, o presidente do conselho de administração da Águas de Santarém, Ramiro Matos, explicou que decidiram manter o tarifário tendo em conta que, durante o primeiro semestre do corrente ano, irá ser revisto o contrato de gestão delegada com a Câmara de Santarém, que já tem alguns anos. E isso deverá ter implicações nos preços a praticar já em 2023.
Ramiro Matos referiu que a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) recomenda às entidades que operam nas áreas do abastecimento de água, saneamento básico e resíduos sólidos urbanos que tenham receitas que cubram os custos de exploração de cada uma dessas áreas. O que deverá repercutir-se nas facturas, até porque, sublinhou o administrador da Águas de Santarém, não se podem afectar proveitos de um sector para colmatar o défice de exploração de outro. No caso da Águas de Santarém o sector do saneamento continua a ser deficitário, disse.
O administrador destacou ainda que 2021 foi um dos anos de maior investimento por parte da Águas de Santarém, com um valor contabilizado de quase 4 milhões de euros até Novembro. E acrescentou que a manutenção do tarifário representa um “grande esforço” da empresa tendo em conta o aumento de preços no sector das obras e a inflação prevista para 2022.
O tarifário foi aprovado na reunião de câmara de 10 de Janeiro, com os votos favoráveis dos eleitos do PSD e do PS e o voto contra do vereador do Chega, que justificou a sua posição com os elevados custos de alguns serviços prestados pela Águas de Santarém, nomeadamente a substituição de contadores, a suspensão ou o restabelecimento do serviço ou verificações extraordinárias. Ramiro Matos respondeu dizendo que se trata de situações extraordinárias que, mesmo assim, dão prejuízo apesar dos valores cobrados.
Quase dois milhões para lixo e água
A Câmara de Santarém estima gastar 1 milhão e 320 mil euros em 2022 só com a recolha e tratamento de lixo doméstico em aterro. Já a previsão de gastos com consumo de água ronda o meio milhão de euros. O presidente do município, Ricardo Gonçalves (PSD), reiterou a sua preocupação com esses números, que, no caso dos resíduos sólidos urbanos, estão relacionados com a pouca apetência de muitos cidadãos para separarem o lixo para posterior reciclagem.
A vereadora Liliana Ramos (PS) sugeriu que na factura da água fosse inscrita informação visando sensibilizar os consumidores para essas questões, tendo o presidente concordado e referido que se não houver uma mudança de comportamento por parte dos cidadãos esses custos continuarão a aumentar.
Já o vereador Nuno Russo manifestou a sua preocupação com os custos previstos com o consumo de água, defendendo a realização de campanhas de sensibilização interna visando um uso mais racional da água nas instalações e serviços da autarquia.