Trabalhador do SMAS que morreu em acidente de trabalho esperou quatro horas por helicóptero
Luís Grilo sofreu um choque eléctrico num depósito dos SMAS de Vila Franca de Xira e esteve quatro horas à espera de ser levado para a unidade de queimados do Hospital de Coimbra, onde veio a falecer. O caso passou-se em Julho de 2020 e o Ministério da Saúde recusa agora que tenha havido falhas no socorro.
O Ministério da Saúde considerou este mês, em resposta a um conjunto de questões levantadas por 15 deputados socialistas no Parlamento no ano passado, que não houve falhas no socorro a Luís Grilo, o experiente trabalhador do município de Vila Franca de Xira que morreu na sequência de queimaduras graves sofridas durante a manutenção de um reservatório de água em Alverca, no Verão de 2020. Luís Grilo esteve quatro horas a aguardar transporte para o hospital.
Na tarde de 22 de Julho de 2020, pouco depois das 15h00, o trabalhador procedia à recolha de amostras de água para análise no reservatório dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) da Chasa, em Alverca do Ribatejo, quando sofreu uma descarga por electrocussão derivada da existência de linhas de alta tensão que se encontram por cima do ponto de recolha das amostras.
Os Bombeiros de Alverca, a PSP e a viatura médica de emergência do INEM de Loures compareceram no local em poucos minutos só que, devido à gravidade das queimaduras internas e externas que Luís sofreu, foi decidido transportar o trabalhador para uma unidade hospitalar especializada em queimaduras. Foi nesse momento, consideram os 15 deputados, que alguns problemas foram verificados.
Após insistência da VMER foi tomada a decisão de transportar a vítima para a unidade de queimados do Hospital de Coimbra, através de transporte aéreo que estava estacionado em Évora, aterrando no heliporto de Loures em vez da pista de Alverca. Como o helicóptero de Évora estava noutra emergência teve de ser accionado o de Viseu. Após duas horas de espera na ambulância no local do acidente foi iniciada a viagem para o heliporto de Loures que durou uma hora. Só já pelas 19h00 começou a viagem para Coimbra. Já passava das 20h00 quando Luís Grilo deu entrada no hospital.
“Tinha 90% do corpo queimado e esteve várias horas dentro da ambulância acompanhado da equipa da VMER que já nada podia adiantar ao que medicamente fazia”, notam os deputados, que quiseram saber porque motivo não veio um helicóptero de mais perto nem foi escolhida uma unidade de queimados em Lisboa. Luís Grilo acabou por não resistir aos ferimentos e morrer 49 dias depois do acidente na sequência de complicações numa cirurgia.
Vítima recebeu “cuidados adequados”
O Ministério da Saúde explica que foi escolhido Loures (heliporto de Salemas) devido às melhores condições de aterragem e possibilidade de ser efectuado o reabastecimento à aeronave, sendo que tanto o campo de futebol de Alverca como a pista da OGMA ou o heliporto do Hospital de VFX foram equacionadas. “As equipas da VMER e dos Bombeiros de Alverca informaram encontrar-se a 15 minutos do heliporto e não houve qualquer objecção dos pilotos em aterrar em Alverca”, esclarece o gabinete de Marta Temido.
O Ministério da Saúde garante que a vítima esteve sempre acompanhada por equipa médica altamente diferenciada e que prestou todos os cuidados considerados adequados para a situação e considerou que o Hospital de Coimbra era o melhor preparado para dar resposta à urgência. “A alegada demora na sua evacuação ficou a dever-se a todos os procedimentos que são necessários e fundamentais neste tipo de ocorrência e que garantem a articulação entre diferentes entidades e meios de transporte, sempre com a preocupação de garantir a segurança da vítima e de todos os envolvidos”, explica o Ministério da Saúde.