Sociedade | 27-02-2022 12:00

Azambuja paga casa e carro a médicos que queiram trabalhar no concelho

Metade da população do concelho de Azambuja não tem médico de família

As medidas aprovadas pela Câmara de Azambuja são generosas e reveladoras de um problema crónico no concelho: a falta de médicos de família.

A Câmara de Azambuja quer ajudar a acabar de vez com a falta de médicos de família no concelho, um problema que afecta metade da população através da atribuição de benefícios aos clínicos que queiram trabalhar no concelho. Para isso, aprovou por unanimidade um projecto de regulamento que prevê a comparticipação de 400 euros mensais para a compra ou arrendamento de uma habitação, isenção de tarifas de disponibilidade de gestão de resíduos urbanos, acesso gratuito à piscina e espectáculos culturais promovidos pela autarquia e a cedência de uma viatura de serviço.
De acordo com a vereadora com o pelouro da Saúde, Ana Coelho (PS), os apoios previstos no projecto de regulamento, que vai agora ser submetido a consulta pública, serão para vigorar durante três anos com possibilidade de renovação por períodos de um ano até ao limite de cinco anos.
Apesar de não se saber se as medidas vão ser suficientes para atrair novos clínicos, Ana Coelho, salientou que esta é uma medida que pretende combater aquilo que “é um problema nacional, muito acentuado na zona de Lisboa e Vale do Tejo”.

Oposição aprovou mas não poupou nas críticas
O Chega tinha uma proposta de incentivo à fixação de médicos de família para apresentar e que constava na ordem de trabalhos da mesma reunião, que retirou após a aprovação da proposta apresentada pelo Partido Socialista.
A vereadora do Chega, Inês Louro, aproveitou para lamentar que o executivo PS que governa o município tenha demorado tanto tempo a apresentar esta proposta, tendo em conta que foi aprovada, em Junho de 2021, uma outra para a elaboração do referido regulamento e já depois de terem sucedido concursos para a contratação de médicos da especialidade que não atraíram nenhum interessado.
“Não sabemos se será suficiente mas pelo menos será uma medida no sentido de tentar resolver um problema que é transversal a todas as famílias do concelho de Azambuja”, disse ainda Inês Louro depois de insinuar que os socialistas só apresentaram a proposta porque o Chega tinha uma no mesmo sentido. Ana Coelho rejeitou a acusação.
Por outro lado, os vereadores do PSD, Rui Corça e José Paulo Pereira, embora tenham votado favoravelmente a proposta, consideraram que o projecto de regulamento “fica aquém das expectativas”. Salientando que o concelho tem um terço dos médicos de família que deveria ter, Rui Corça afirmou que este regulamento é apenas “um conjunto de apoios à permanência [de médicos] por um período limitado” e que “não diferencia daquilo que outros concelhos fazem”.
Do lado da CDU, a vereadora Mara Oliveira, através de uma declaração de voto, afirmou que este projecto de regulamento é um incentivo à desresponsabilização da administração central no campo da saúde. “É preciso continuar a fazer pressão”, vincou.
Segundo a vereadora Ana Coelho, as unidades de saúde do concelho têm, na prática, ao serviço um total de cinco médicos: um em Manique do Intendente, um em Alcoentre, um em Aveiras de Cima e três em Azambuja (que em Março passam a dois devido à saída do coordenador do centro de saúde).

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