Sociedade | 13-03-2022 10:00

Voluntariado dá trabalho mas também preenche a alma

A presidente da Associação Voluntária do Hospital Distrital de Santarém, Alzira Tagarro (ao centro) com Mercedes Tomé e Susana Santos, que integram a direcção da nova associação

Nova Associação Voluntária do Hospital Distrital de Santarém começou a dar os primeiros passos em Janeiro deste ano e procura sócios e voluntários para desenvolver iniciativas de apoio aos doentes, familiares e profissionais de saúde.

Alzira Tagarro é licenciada em Farmácia com especialidade em Análises Clínicas e trabalhou no laboratório de Análises Clínicas do Hospital Distrital de Santarém. Recorda-se de se voluntariar para passar as noites de Natal no hospital com os doentes. Muitas vezes as duas filhas, adolescentes, iam ter com a mãe nessa noite especial. “No refeitório havia muito bolo-rei e comecei a oferecer fatias sobretudo aos familiares dos doentes que esperavam por notícias. Um hospital não tem que ser algo frio. Às vezes basta um toque no braço ou nas costas para confortar”, afirma a médica reformada.
Esta preocupação que sempre teve em olhar para o outro e não ver o seu trabalho como algo mecânico talvez explique que tenha sido escolhida para ser presidente da nova Associação Voluntária do Hospital Distrital de Santarém, que está a funcionar desde Janeiro deste ano. A administração do HDS lançou o desafio, ainda antes da pandemia, mas o processo ficou em suspenso durante quase dois anos.
A primeira actividade aconteceu em Fevereiro, na semana em que se assinalou o Dia do Doente (12 de Fevereiro), com várias iniciativas no hospital, uma delas com desenhos feitos pelos doentes da área de Psiquiatria. Também ofereceram pagelas – com a mensagem do Papa Francisco para o ano de 2022 – a todos os doentes e funcionários do HDS. Cada funcionário recebeu também uma mensagem escrita por uma colega do hospital. “O objectivo era dar um miminho e tocar-lhes no coração. O hospital não tem que ser frio, as pessoas têm que ser acompanhadas e temos que nos preocupar com elas”, refere Alzira Tagarro.
Actualmente, pertencem à associação 15 elementos mas a ideia é trazer mais associados. A quota anual é 12 euros mas quem quiser pode dar mais. O objectivo é apoiar doentes, familiares e funcionários do HDS. Na entrevista com O MIRANTE estiveram presentes, além da presidente, Susana Santos, administradora hospitalar, responsável pelo departamento de medicina e gabinete de investigação, e Mercedes Tomé, que já trabalhou no hospital mas entretanto desenvolve a sua actividade de advogada. “As pessoas precisam que haja alguém que olhe por elas e não estamos a falar só de doentes mas também dos seus familiares e dos funcionários”, afirma Mercedes Tomé.
Susana Santos conta que a associação pretende trabalhar com outras associações como a Liga Portuguesa Contra o Cancro e a Liga dos Amigos do Hospital de Santarém. A associação está numa fase muito inicial do projecto mas pretendem começar a pôr em prática tudo o que estão a aprender e a organizar. “Trabalhar num hospital provoca um desgaste emocional e físico muito grande e os profissionais precisam de apoio. Às vezes parece que não há tempo mas encontramos sempre essa disponibilidade”, sublinha Susana Santos.
Associação vai dar-se a conhecer nas Festas de São José
A direcção da associação já reuniu com a Câmara de Santarém para se inteirar dos apoios que existem na área da Acção Social. Um dos objectivos é colocar uma espécie de quiosque ou bazar, na zona de consulta externa para que quem ali está possa beber água, chá ou comer um pão ou bolos de forma gratuita. Aliás, a primeira área onde pretendem implementar o voluntariado é exactamente na consulta externa. “Muitos familiares aguardam o dia inteiro pelo doente e é sempre importante ter algo que lhes aconchegue o estômago enquanto espera”, refere Mercedes Tomé.
Já têm mecenas interessados em apoiar, nem todos em dinheiro mas com permuta de actividades. Existem ideias alinhavadas mas como não existem protocolos assinados preferem não adiantar pormenores. Vão estar presentes nas Festas de São José, em Santarém, onde se vão dar a conhecer e esperam angariar os primeiros fundos.
Os elementos da direcção confessam que os dois últimos anos têm sido muito complicados por causa da pandemia e esperam que as coisas comecem a melhorar. “O voluntariado pode dar trabalho mas também nos preenche a alma, é uma recompensa. Se não olharmos para quem está ao nosso lado, a vida não valeu a pena”, adianta Alzira Tagarro.
Numa fase posterior a associação gostaria de estabelecer parcerias com escolas para que os alunos pratiquem voluntariado. “Será uma forma de desenvolver as suas capacidades sociais e criar empatia com as pessoas que estão numa situação mais frágil”, conclui Mercedes Tomé.

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