Sociedade | 29-04-2022 10:00

Doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte em Portugal

David Severino no primeiro ecocardiograma de sobrecarga farmacológica realizado nas instalações do Centro Hospitalar do Médio Tejo

Nos últimos três anos, o Centro Hospitalar do Médio Tejo investiu mais de três milhões de euros em equipamentos de Imagiologia. As doenças cardiovasculares são cada vez mais as principais causas de morte nos países desenvolvidos.

O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) passou a realizar internamente todo o tipo de exames imagiológicos para o diagnóstico, avaliação e tratamento dos doentes com patologia cardíaca e cardiovascular. Nos últimos dois anos foram investidos mais de três milhões de euros na aquisição e reforço de equipamentos de Imagiologia; 230 mil euros foram só para Imagiologia Cardíaca visando uma prestação de cuidados de saúde de excelência e numa lógica de proximidade. O objectivo é prevenir e tratar a principal causa de morte no mundo ocidental onde se inclui Portugal e a região servida pelo Centro Hospitalar do Médio Tejo.
O cardiologista David Severino foi o responsável pela realização do primeiro ecocardiograma de sobrecarga farmacológica feito nas instalações do centro. O exame vai passar a estar disponível para a avaliação de todos os doentes. O CHMT explica, em comunicado, que a realização deste tipo de exame implicava a deslocação dos utentes para instituições de saúde privadas com as quais tinham celebrado um protocolo de colaboração. Agora, com todos os métodos de imagem usados na avaliação, diagnóstico e tratamento do doente cardíaco dentro das instalações do CHMT, os utentes ganham comodidade e eficiência. O ecocardiograma de sobrecarga farmacológica é um tipo de exame que usa medicamentos para provocar esforço cardíaco. Através da realização deste exame, é possível obter informação morfológica e funcional sobre as câmaras (aurículas e ventrículos) do coração, válvulas e parede cardíacas e, em particular, sobre o estado das artérias coronárias, em condições de esforço controlado. Este exame evita a radiação e as provas de esforço já que é feito à cabeceira da cama do doente cardiovascular.

Jorge Guardado é médico cardiologista e cirurgião no Hospital de Leiria com clínica em Riachos
Jorge Guardado é médico cardiologista e cirurgião no Hospital de Leiria com clínica em Riachos

Doentes cardíacos morrem a fazer sexo
“Não há informações oficiais que indiquem qual a percentagem de doentes cardíacos que morrem a fazer sexo mas é um número que não pode ser ignorado, garanto-lhe”, diz a O MIRANTE o médico e cirurgião cardíaco Jorge Guardado, numa conversa pelo telefone sobre a doença que está no topo das mortes nos países do ocidente e Estados Unidos da América, e que afeta o dobro dos homens na comparação com as mulheres. Jorge Guardado diz ainda que nesta estatística, infeliz para mais gente do que se pensa, estão incluídas as mortes por AVCs, o que ajuda a que as doenças cardiovasculares se tornem a grande preocupação dos médicos que estudam estes tipos de doença.
Questionado sobre o avanço da ciência e a possibilidade de esta realidade poder ser revertida, confirmou que tem havido alguma evolução no estudo deste tipo de doenças, mas que o estilo de vida do mundo ocidental não deixa muita margem de manobra: quanto mais aumenta a qualidade de vida das pessoas mais bebem e fumam, menos exercício praticam, mais sedentárias se tornam; há muitos anos que estas doenças causam mais mortes que os acidentes ou o número de pessoas que morrem de fome”.

Desfibrilhadores, diabetes e colesterol
Sobre o uso de desfibrilhadores, como é o caso de Almeirim onde a câmara municipal está a investir, Jorge Guardado achou boa ideia, mas alertou para a necessidade de haver formação porque nem toda a gente sabe trabalhar com um desfibrilhador. Muitas vezes a melhor solução é ligar para o 112 e pedir ajuda para manobrar o equipamento, diz, acrescentando que no seu caso particular até as empregadas de secretária da sua clínica sabem usar esse tipo de equipamentos. É sempre melhor ter esses equipamentos do que não ter mas se não houver investimento na implementação o esforço não vale de nada, avisou.
Sobre a vantagem que os homens levam em relação às mulheres diz que por haver essa noção junto do sexo feminino as mulheres acabam por serem penalizadas por demorarem muito a irem à consulta o que gera diagnósticos tardios, muitas vezes tarde de mais.
Por último referiu que o tempo de pandemia fez emergir outras doenças para níveis fora do comum, fazendo lembrar que há sempre uma associação directa entre a qualidade de vida e as doenças, e que nos países onde se investe na sensibilização para melhores práticas de vida as mortes diminuem e a esperança de vida aumenta.
Ainda sobre as doenças que provocam os problemas cardiovasculares, Jorge Guardado afirma que a diabetes e o colesterol são os mais perigosos; sobre este último diz sem hesitar que tomar os medicamentos para baixar os níveis de colesterol no sangue é mil vezes mais seguro que ficar a pensar nas contra indicações.

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