Caravana pela justiça climática alerta para os perigos da indústria da celulose do Caima em Constância
Comitiva esteve junto à fábrica do CAIMA, em Constância, onde apelou ao respeito pela natureza e comunidades que vivem nas proximidades.
À frente da fábrica da CAIMA, uma das maiores fábricas de celulose do país, em Constância, cerca de 40 pessoas apelaram ao respeito pela natureza e comunidades que vivem nas proximidades. João Camargo, embaixador da iniciativa, refere a O MIRANTE que os poderes locais fecham os olhos à poluição criada pelas fábricas, com a desculpa da contratação de mão-de-obra de habitantes das localidades. A CAIMA, no relatório de 2020, tinha à época 186 colaboradores, mas não indica onde são residentes, embora a maioria seja de Constância e concelhos vizinhos.
Soluções para estes profissionais, caso a fábrica encerrasse, são discutidas entre os participantes da iniciativa. Sílvia Carreiro, 55 anos, pensa em alternativas para quem eventualmente ficasse no desemprego com o cessamento dos trabalhos industriais: “A reposição de floresta autóctone, por exemplo, seria determinante.
Sílvia Carreiro defende a floresta como fonte de rendimento com a vantagem de proteger a natureza. “As pessoas são vítimas destas indústrias. Aceitam ceder terrenos para a plantação de eucaliptos a troco de dinheiro que lhes faz falta. Apesar de terem noção dos riscos, parece-lhes ser a forma mais fácil de rentabilizarem as suas terras”.
João Camargo sente-se desconsolado com o que viu nestes 200 km que já percorreu a pé desde a Figueira da Foz; “estamos prontos para outra tragédia igual ou maior que a de 2017”. É sobre Pedrógão Grande que está a falar, onde morreram 66 pessoas e 253 sofreram ferimentos. O líder do grupo questiona o investimento que tem sido executado na área da celulose ao longo dos anos; “Não faz sentido um país tão pequeno ter tanto poder neste sector” remata.
Portugal é o país com maior área plantada de eucaliptos na Europa e ocupa o 5.º lugar a nível mundial. Em 2021 foi preparado pelo Governo um diploma que prevê a plantação de mais 36.726 hectares de eucaliptos em 126 dos 278 concelhos do continente.
