Indignação em Azambuja com abuso de poder de militares da GNR
Filipe Rodrigues diz ter sido ameaçado e mantido sem acesso a água no posto da GNR de Azambuja. Hélder Santos alertou a Guarda que a sua casa estava a ser vigiada mas ninguém apareceu. Foi agredido e assaltado. A população de Azambuja está revoltada com a inércia de alguns militares que noutras situações abusam da força e do poder para deter e multar.
Alguns populares do concelho de Azambuja queixam-se da inacção da Guarda Nacional Republicana (GNR) quando esta força da autoridade é chamada a intervir e de terem que recorrer ao posto do concelho vizinho de Alenquer em situações de emergência. Por outro lado, alegam que há militares a fazer uso excessivo de poder para autuar, ameaçar, agredir e efectuar detenções.
O empresário Filipe Rodrigues, de 42 anos, conta a O MIRANTE que esteve durante quatro horas detido numa sala do posto local, sem acesso ao telemóvel, a água ou alimentação e a ser ameaçado física e verbalmente por dois militares. “Tenho problemas de coração e já nessa manhã tinha sido assistido pelo INEM. Pedi água várias vezes, mas foi-me sempre negada”, afirma, enquanto mostra o relatório médico e o termo de responsabilidade que assinou para não ser transportado ao hospital por início de uma paragem cardiorespiratória.
Na origem da detenção, ocorrida a 22 de Julho, terá estado um desentendimento com um dos militares que se preparava para autuar o empresário do ramo automóvel por ter perto de duas dezenas de veículos sem seguro estacionados na via pública. “Tentei explicar-lhe que aqueles carros são do stand e que não precisam de ter seguro, apenas a inspecção, porque eu e o meu sócio temos seguro de carta”.
Manuel Castanheira, de 19 anos, que assistiu à detenção, assegura que o militar estava a ter um comportamento arrogante, agressivo e prepotente. Numa tentativa de acalmar os ânimos, prossegue, colocou-se entre Filipe Rodrigues e o guarda, mas acabou por ser “várias vezes empurrado com força” por este último. “Depois tirou um extensível e tentou bater-me”, conta o jovem que garante ainda que os outros dois guardas estavam com ar de quem estava a “achar tudo aquilo desnecessário”, mas nada fizeram.
Contactada por O MIRANTE, a GNR informa que na sequência de uma ação de fiscalização a viaturas foi efectuada a detenção “por crime de injúrias e ameaças contra agentes da autoridade, tendo a mesma ocorrido sem incidentes”.
Vai ao posto prestar declarações e apreendem-lhe o carro à porta
Já depois do fecho da edição que sai para as bancas na quinta-feira, 28 de Julho chegou à nossa redacção a informação da apreensão de uma viatura às portas do posto da GNR de Azambuja enquanto o condutor tinha ido voluntariamente prestar declarações sobre dois processos nos quais está envolvido.
António Castanheira conta a O MIRANTE que ao abandonar as instalações foi surpreendido ao ver que tinha os pneus da viatura bloqueados. “Enquanto estive lá dentro outros guardas aproveitaram logo para através da matrícula do carro ver se havia por onde pegar”, afirma, acrescentando que a viatura, que é alugada lhe tinha sido emprestada nesse dia por um familiar e que por ser nova ainda não tem os documentos, mas uma guia de circulação.

*Notícia desenvolvida na edição semanal de O MIRANTE