Sociedade | 01-09-2022 12:00

Bordados da Glória do Ribatejo preservados pelas mãos de quem aprendeu a arte em criança

Bordados da Glória do Ribatejo passaram a integrar o inventário do Património Cultural Imaterial de Portugal em Fevereiro deste ano

Os bordados a ponto cruz da Glória do Ribatejo são uma tradição que remonta ao início do século XIX mas historiadores pensam que possa ser mais antiga.

Alda Monteiro recorda os tempos de infância em que se sentava à porta de casa de uma vizinha, com outras amigas, e aprendiam a fazer os bordados a ponto de cruz. Levavam consigo um pedaço de pano, linha e agulha; as moças mais velhas explicavam quando estava mal e foi assim que aprendeu. Com 12 anos já sabia bordar; aos 83 anos, agora sentada num sofá castanho da sala de convívio do Centro de Bem Estar Social (CBES) da Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos, onde passa os dias com o marido, abre o saco de plástico que trouxe com os muitos bordados que fez para mostrar à repórter de O MIRANTE.  

Foi a própria que fez o seu enxoval e os panos e sacos do pão que utilizou ao longo da vida. Uma vida dura que começou aos 11 anos a trabalhar no campo, nos arrozais, de madrugada, com água pelos joelhos e muito frio. Não chegou a completar a quarta classe. Disse ao pai que não queria estudar e por isso teve que ir trabalhar. Ao lado do seu marido recorda os vários lenços de namorado que lhe fez com as iniciais do seu nome: Silvestre Feijão. Os lenços era uma forma dos rapazes mostrarem que estavam comprometidos. A namorada entregava-o e se ele aceitasse colocava-o no bolso da camisa e mostrava que já estava comprometido. Alda e Silvestre estão juntos há quase 70 anos.   

Em Fevereiro deste ano os Bordados da Glória do Ribatejo passaram a integrar o inventário do Património Cultural Imaterial de Portugal. Para o presidente da direcção da Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural da Glória do Ribatejo, é o “justo reconhecimento desta manifestação de arte popular e sobretudo a homenagem às mulheres glorianas, as grandes detentoras desta arte, que souberam preservar e legar esta manifestação cultural”, afirma Roberto Caneira a O MIRANTE.  

*Leia a reportagem completa na edição semanal em papel desta quinta-feira, 1 de Setembro

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