Sociedade | 10-09-2022 15:00

Chamusca passa mais um Verão sem piscinas municipais

Projecto de reabilitação das piscinas, que inicialmente ia custar 350 mil euros, aumentou para mais de meio milhão

Pelo segundo ano consecutivo a população da Chamusca não pode usufruir do complexo de piscinas municipais. A empreitada dura desde 2019 e autarcas da oposição e ligados ao partido que governa, dizem que asituação “envergonha” e ajuda a isolar a Chamusca dos concelhos da região.

Num concelho onde já devia existir uma praia fluvial, é uma “vergonha as piscinas municipais estarem encerradas há três anos. A opinião é de alguns autarcas do concelho, um deles pertencente ao aparelho partidário do Partido Socialista (PS) que tem maioria no executivo municipal desde 2013. “O que se passa com as piscinas da Chamusca devia envergonhar quem faz a gestão da autarquia. Há falta de preocupação com o bem-estar da população”, afirma.
O autarca, que reside numa das freguesias mais importantes e desenvolvidas do concelho, falou com O MIRANTE pedindo que o nosso jornal lhe garantisse o anonimato para não sofrer represálias dos dirigentes da concelhia do PS. No entanto, perante a “inoperância” do executivo em relação ao que se passa no complexo, não quis deixar de partilhar o seu ponto de vista. “Ser autarca é estar ao serviço da população e garantir que têm acesso aos serviços básicos que dão qualidade de vida às pessoas. As piscinas da Chamusca são um mau exemplo de gestão autárquica”, sublinha.
Desde que o complexo encerrou, em Setembro de 2019, o presidente da Câmara da Chamusca nunca conseguiu responder concretamente à oposição sobre quando está prevista a abertura do espaço. Sobre as razões que têm atrasado consecutivamente as obras, Paulo Queimado, em várias sessões camarárias, explicou que ao iniciarem a empreitada depararam-se com índices de degradação elevados, nomeadamente nas coberturas e clarabóias. O projecto teve de ser reformulado e o que inicialmente iria custar cerca de 350 mil euros, aumentou para mais de meio milhão em 2020, sendo que em Maio deste ano o executivo aprovou a atribuição de mais 127 mil euros para a conclusão dos trabalhos. O reforço implica reabilitar a cobertura e fundações, substituir vãos exteriores e pavimento interior, entre outros trabalhos, segundo explicou o autarca.

“Estamos mais isolados dos outros concelhos”
Na opinião de Tiago Prestes (PSD/CDS), vereador no executivo, esta derrapagem no tempo vai colocar “em maus lençóis” as contas camarárias. O aumento dos custos dos materiais é quase diário, condição que o faz lamentar de forma veemente o modo como a maioria socialista tem conduzido o processo. “Infelizmente a maioria das obras que este município se propõe realizar demoraram a arrancar e a acabar. Qualquer imprevisto não pode servir de desculpa e as responsabilidades devem ser atribuídas”, afirma, em declarações a O MIRANTE.
Para o autarca é “inconcebível” que um concelho que já devia ter uma praia fluvial, em vez de uma zona ribeirinha abandonada, esteja há três anos para arranjar uma infraestrutura essencial para as famílias. “Este tipo de gestão isola-nos ainda mais dos outros concelhos da região”, sublinha.
Recorde-se que quando as obras recomeçaram em Setembro de 2020 e, segundo publicação em Diário da República, tinham um prazo de execução de 275 dias desde que foram adjudicadas à empresa Ecoedifica – Ambiente e Construções, por mais de meio milhão de euros, sendo que parte do financiamento é garantido através do programa BEM (Beneficiação de Equipamentos Municipais).

Crianças utilizaram piscinas privadas

Mais de 70 crianças inscritas no campo de férias da União das Freguesias da Chamusca e Pinheiro Grande utilizaram, neste Verão, a piscina de uma quinta particular, situada à saída da vila, porque o complexo municipal está encerrado há cerca de três anos para obras. Como o executivo municipal não dá previsão para a conclusão da empreitada, o executivo da junta decidiu arregaçar as mangas e encontrar uma solução. Mesmo que para isso a junta de freguesia tenha pago mais de dois mil euros pelo aluguer do espaço, situado na Quinta do Arneiro de Cima. “Era impensável as crianças não terem actividades aquáticas durante as férias, ainda por cima com o calor intenso que se tem feito sentir. É uma despesa que não pesa na nossa consciência, embora pese muito no nosso orçamento”, sublinhou Rui Martinho a O MIRANTE.
Muitos dos habitantes do concelho da Chamusca, segundo O MIRANTE apurou, utilizaram os complexos da Azinhaga, Torres Novas e Tomar.

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