Sociedade | 21-09-2022 18:00

Granja meteu o folclore na gaveta e foi capital do punk rock por um dia

Paixão pelo heavy metal levou centenas de pessoas ao Vialonga Fest, festival onde imperou a amizade, respeito e diversão

Vizinhança mais idosa e pouco habituada ao som do rock não gostou da brincadeira mas para as centenas de pessoas que ‘abanaram o capacete’ durante dez horas na aldeia, o evento começa a merecer elogios. E nem o presidente da junta faltou para discursar às duas da manhã.

Durante um dia a pacata aldeia da Granja em Vialonga transfigurou-se e o palco da terra foi invadido por heavy metal e punk rock que fizeram as delícias de centenas de pessoas que, vindas de todo o país, vibraram durante dez horas com o Vialonga Fest. Sete bandas subiram ao palco, nesta que foi a quinta edição do evento, promovido pela Sociedade Recreativa da Granja e onde o repertório deu destaque à música mais pesada. As bandas HPS, Revenge of the Fallen, Vella, Thereomorphic, Gatos Pingados, Hochiminh e Wako subiram ao palco entre as 17h00 e as 03h00 naquele que é o único festival deste género no concelho de Vila Franca de Xira com entrada livre e que tem crescido em popularidade. E nem o presidente da junta, João Tremoço, faltou discursando já perto das duas da manhã para os festivaleiros e prometendo que o festival volta para o ano.
O que não são boas notícias para a comunidade mais idosa da terra que não viu com bons olhos “a gritaria” noite fora. Para Joel Caipiro e João Nisa, da Sociedade Recreativa da Granja, e para o mentor do projecto, Marcos Rebocho, o mais importante é abrir portas à cultura, mostrar às pessoas que os preconceitos sobre o heavy metal são exagerados e que as pessoas são afáveis e divertidas, metendo ao mesmo tempo a aldeia no mapa nacional dessa corrente musical.

“Não somos adoradores do diabo”
Inês Matos, Vanda Esteves, Sandra Duarte e Cátia Silvany são amigas que se reencontram várias vezes em festivais e concertos de heavy metal, hard rock e punk rock sempre que podem. É o amor pela música e pelos bons momentos que as une. “Quando estamos juntas queremos diversão, saltar, gritar, beber e estar felizes assim. Por momentos esquecemos tudo o que correu mal durante a semana, os dramas e os problemas, como se fossemos uma família” explica Inês Matos a O MIRANTE.
As cinco amigas contam que o preconceito ainda está presente na sociedade, com muitos comentários negativos relativamente à maneira de vestir e ao estilo de música que ouvem. Vanda Esteves explica que é normal receber “olhares de lado” porque veste de preto e com botas da tropa. “Prefiro ouvir bom rock ou metal do que ouvir as barbies na rádio a cantar sobre futilidades. Depois há quem pense que aqui é tudo drogados, strippers e adoradores do diabo. Posso garantir que há menos drogas aqui do que num Sol da Caparica ou num Sumol Summerfest, porque aqui estamos para apreciar a música e não para andarmos no engate e a consumir droga. Parece que a tal fama do sexo, drogas e rock n’roll está a mudar de dono”, considera.
No público estava também Vítor Lopes, de 12 anos, que se orgulha de ser diferente do tradicional, pois abraça sem medo o seu gosto musical e o seu estilo “fora da caixa” por vestir de preto, ter um penteado inspirado nos músicos de punk rock dos anos 80 e por estar a dar os seus primeiros passos na música.

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