Sociedade | 06-10-2022 09:59

Secretário que roubou Junta de Santiago de Montalegre demite-se

Assembleia de Freguesia de Santiago de Montalegre, concelho do Sardoal, aprovou o pedido de renúncia de Pedro Carreira que invocou razões pessoais para a demissão do cargo

Pedro Carreira admitiu ao nosso jornal ter investido em aplicações mais de 100 mil euros de dinheiros públicos da freguesia de Santiago de Montalegre. Desfalque está sob investigação da PJ.

Pedro Carreira, o secretário da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre, concelho do Sardoal, que está a ser investigado por ter desviado mais de 100 mil euros das contas da autarquia, apresentou a sua demissão do cargo invocando “razões pessoais”. O pedido de renúncia foi votado favoravelmente pela assembleia de freguesia de 30 de Setembro, à qual Pedro Carreira não compareceu.
Durante a sessão, a presidente da junta, Dora Santos, e a tesoureira, Teresa Amaral, ambas do PSD, tentaram explicar o caso sem adiantar grandes pormenores relativamente ao que O MIRANTE publicou na edição passada. O número dois da junta admitiu ao nosso jornal ter sido o autor do desvio tendo investido os mais de 100 mil euros numa “aplicação financeira”. Restam 14.423,52 euros na conta bancária da autarquia, informou a presidente.
A presidente e a tesoureira daquela freguesia do Sardoal ainda mostraram esperança em que o dinheiro volte para a posse da junta depois de Pedro Carreira, por e-mail, ter garantido que devolveria a quantia até ao 7 de Outubro, sexta-feira. A O MIRANTE, tinha referido na passada semana que entregaria os mais de 100 mil euros em “meados de Outubro”.

Restante executivo não suspeitou
Foi uma assembleia de freguesia emotiva e por vezes conturbada. Os mais de 100 mil euros da conta bancária da junta foram movimentados “com total desconhecimento dos restantes membros do executivo, actual e anterior”, garantiram Dora Santos e Teresa Amaral. A presidente apenas deu pela falta do dinheiro em Junho deste ano confessando que “pensava que o montante existia numa conta a prazo”.
Por seu turno, Teresa Amaral explicou que ambas tinham “conhecimento dos movimentos”, que são mais de 300, mas que “desconheciam o que estava por trás” e referiu mesmo que “alguns documentos das transacções foram falsificados”. “É uma situação complexa”, deixou escapar, recusando-se a dar mais detalhes.
João Navalho e Nicolau Duque, da oposição socialista, apresentaram uma moção de censura ao executivo baseando a mesma “numa tentativa inaceitável de ocultação dos factos” após a tomada de conhecimento da situação, ou seja, em Junho deste ano, e “na imprudência e na gestão incompetente” do actual executivo. A moção de censura, votada através de voto secreto, foi chumbada com seis votos contra e apenas um favorável.
Para a substituição do secretário demissionário foi escolhido António Pereira Fernandes, que no anterior mandato, quando terá começado a prática do alegado crime, era o presidente da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre. Sérgio Passarinho Frade tomou posse como membro da assembleia de freguesia substituindo, por sua vez, António Pereira Fernandes. Os deputados socialistas não participaram na votação e pediram, através de declaração política, a demissão do executivo e a convocação de novas eleições autárquicas.
Já no final, os eleitos do PS disseram que iriam avançar com uma comunicação à Inspeção Geral das Finanças no sentido de ser feita uma auditoria e exigiram “a listagem dos POC (Plano Oficial de Contabilidade) dos últimos três mandatos”.

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