É um pensamento retrógrado pensar que ballet é para meninas
Vítor Murta começou a vida artística como ginasta em Santarém mas foi em Vila Franca de Xira que acabou responsável por formar gerações de bailarinos no Ateneu Artístico Vilafranquense.
O cinema e a televisão estão a criar preconceitos ao ballet onde eles não existem. A ideia é defendida por Vítor Murta, professor da modalidade no Ateneu Artístico Vilafranquense (AAV) e que considera serem retrógradas as ideias de que é uma actividade só para raparigas. Por isso, diz, no Ateneu não há géneros: a dança é universal e todos são convidados a praticá-la em igualdade.
“É uma dança que pode ser individualista mas onde a imagem criada pelos filmes e séries não ajuda de que no ballet só se usam tutus e que são só meninas a dançar. É uma ideia retrógrada, para ser sincero. Há excelentes bailarinos masculinos por todo o mundo e Portugal não é excepção”, critica. No ballet, explica, nem sempre o sorriso dos praticantes é o espelho do que sentem. “O sofrimento é contido. Custa, dói, magoa, cria lesões graves, mas os bailarinos sorriem sempre, o que faz com que todos achem que é fácil. E aí é que está a verdadeira beleza do ballet, fazer tudo parecer simples”, refere a O MIRANTE.
Vítor Murta começou a sua vida artística como ginasta em Santarém. Começou por brincadeira, aos seis anos, na ginástica da Casa do Benfica em Santarém, começou a interessar-se pelos trampolins na Escola Ginestal Machado e em 1977 sagrou-se campeão nacional da modalidade. A sua vida e carreira desportiva giravam somente em torno dos trampolins, de onde se viu forçado a sair devido a lesões. “Fui, como todos os atletas de topo, acumulando lesões. No último sarau de ginástica em que participei, na minha despedida, lesionei-me com gravidade e percebi que o corpo também precisava de descanso depois de tantos anos de esforço rigoroso”, lamenta.
*Leia a reportagem desenvolvida na edição semanal em papel desta quinta-feira, 13 de Outubro