Escassez de transportes públicos motiva queixas na aldeia de Santo Estêvâo
Supressão de horários faz com dezenas de crianças de Santo Estêvão cheguem atrasadas às aulas em Benavente ou tenham que apanhar o autocarro hora e meia mais cedo. Presidente da Câmara de Benavente diz que solução pode estar na criação de empresa intermunicipal de transportes públicos rodoviários.
Os horários dos transportes públicos que servem os alunos residentes na aldeia de Santo Estêvão que frequentam o ensino básico e secundário em Benavente não agradam aos encarregados de educação que foram à última Assembleia Municipal de Benavente pedir ao município que encontre uma solução. Em causa está a supressão de carreiras que faz com que os alunos tenham que viajar hora e meia mais cedo para não chegarem atrasados às aulas e que só consigam chegar a casa perto das 20h30.
“É lamentável que todos os anos sejam os encarregados de educação a ter que pedinchar à câmara por transportes em condições para os nosso filhos irem e voltarem da escola”, afirmou Elisabete Silva, que há 16 anos decidiu trocar a cidade pela pacata aldeia do concelho de Benavente. Mãe de duas filhas que estudam nas escolas básica e secundária em Benavente, lamentou que as crianças tenham que apanhar um autocarro às 07h40 quando só têm aulas às 09h15 e que no regresso o transporte faça um percurso com demasiadas paragens por outras localidades e freguesias até chegar a Santo Estêvão.
Também Elsa Correia e Carla Maçano consideraram “inadmissível” que ano após ano os habitantes da aldeia, e em especial os alunos, se vejam confrontados com a escassez de transportes públicos e horários incompatíveis com os horários escolares. O autocarro das 08h40, explicou Elsa Correia, não serve para os alunos que entram às 09h15 pois faz com que cheguem à escola 15 minutos depois das aulas terem começado.
Autarca defende criação de empresa de transportes intermunicipal
Assegurando que a Câmara de Benavente está empenhada em resolver o problema junto da empresa de transportes rodoviários, a Ribatejana, o presidente do município, Carlos Coutinho, afirmou que a zona da Lezíria do Tejo tem vindo a sofrer com “uma degradação significativa dos transportes públicos”, nomeadamente no que toca à frota e ao incumprimento de horários.
Mostrando-se solidário com as reclamações dos encarregados de educação o autarca da CDU considerou que a melhor resposta ao problema poderá estar na criação de uma empresa intermunicipal de transportes públicos rodoviários que está a ser estudada pela Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), tal como O MIRANTE avançou. “Não é uma decisão consensual entre os municípios [11] mas que na minha opinião permitiria melhorar a qualidade do transporte”, defendeu Carlos Coutinho depois de lembrar que o último concurso público internacional lançado pela CIMLT não reuniu propostas válidas.
O eleito do PSD, Ricardo Oliveira, que no anterior mandato, na qualidade de vereador, já tinha alertado para o problema gerado pela escassez e desfasamento nos horários dos transportes públicos em Santo Estêvão, afirmou que a Câmara de Benavente tem autonomia para estabelecer “os horários que bem entender” sem ter que ficar à espera de uma solução da CIMLT. “Coesão territorial é aproximar os lugares e aldeias dos centros urbanos e Santo Estêvão, Barrosa e outros estão isolados do resto do concelho há muito tempo”, disse.