Lar com meia centena de idosos na Parreira em risco de fechar
Presidente do Centro de Apoio Social da Parreira confirmou a O MIRANTE as graves dificuldades económicas que a instituição continua a atravessar. Funcionárias não receberam os dois últimos ordenados. Contas do centro foram congeladas pela Segurança Social.
O Centro de Apoio Social da Parreira (CASP), no concelho da Chamusca, está em risco de encerrar devido às graves dificuldades financeiras que continua a atravessar, causadas pelo aumento da dívida que, segundo apurou O MIRANTE, é de várias dezenas de milhares de euros. Recorde-se que em Setembro de 2021, Jorge Ferreira, presidente da direcção do CASP, confirmou ao nosso jornal que o centro tinha uma dívida a rondar os 40 mil euros, numa altura em que os técnicos da Segurança Social apareciam quase todos os dias para realizar auditorias, verificar se as contas batiam certo e ver como funciona a instituição.
Cerca de um ano depois, uma funcionária daquela IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social), que pediu para não ser identificada neste artigo, escreveu uma missiva a O MIRANTE referindo que não recebeu os dois últimos ordenados e que os elementos da direcção têm fugido às responsabilidades, “pelo menos de darem mais justificações e dizerem honestamente quando vão pagar às pessoas pelo trabalho que desempenham diariamente”. A funcionária revela ainda que há vários meses que os ordenados são pagos a duas prestações mensais.
A revolta das funcionárias, acrescenta, pode ter como consequência a suspensão dos contratos de trabalho, por falta de pagamento do salário, situação que, inevitavelmente, levará ao encerramento do Centro de Apoio Social da Parreira. Esta hipótese só estará em cima da mesa caso a direcção não regularize o pagamento dos ordenados até ao final do mês de Outubro, sublinha.
Contactado por O MIRANTE, Jorge Ferreira explica que a Segurança Social congelou as contas da instituição, uma vez que o CASP não tem cumprido com várias obrigações financeiras, nomeadamente relacionadas com os descontos dos funcionários e outras contribuições. O dirigente afirma que na última semana elaboraram um plano de pagamentos que deve entrar em vigor brevemente. Jorge Ferreira diz ainda que o CASP se candidatou ao Fundo de Socorro Social, dinheiro que servirá apenas para pagar dívidas a fornecedores.
Sobre as acusações da funcionária, Jorge Ferreira afirma que reuniu com as colaboradoras e que praticamente todas concordaram trabalhar até ao final do mês, mediante garantia que no final de Outubro iriam receber os salários em atraso.
O Centro de Apoio Social da Parreira dá resposta a cerca de meia centena de utentes, entre lar, apoio domiciliário e centro de dia. O dirigente salienta que a direcção está a trabalhar em prol da causa pública e que vai unir esforços para continuar a servir a população.
Contactada por O MIRANTE, a Segurança Social de Santarém confirma que o Centro de Apoio Social da Parreira apresenta dívida de contribuições, salientando que “procedeu já à sua regularização, através de plano prestacional, não tendo, nesta data, contas bancárias penhoradas”. O organismo acrescenta que tem efectuado um acompanhamento de proximidade da situação real da instituição e accionará todos os mecanismos que se revelem necessários à salvaguarda integral, ao nível do bem-estar e segurança, de todos os utentes.
Uma instituição com vários problemas
Os problemas que o Centro de Apoio Social da Parreira atravessa não são novidade, tal como o seu presidente admite em declarações ao nosso jornal. Basta recuar a Setembro de 2021, altura em o país estava confinado devido à pandemia, para recordar uma notícia que fez primeira página em O MIRANTE, dando conta da existência de conflitos internos entre a direcção, a directora técnica e o familiar de um utente. A directora técnica deixou de se apresentar ao serviço subitamente, e sem se justificar apresentou uma queixa na Segurança Social contra a instituição. Entretanto a responsável, que trabalhava há ano e meio no centro, foi substituída no cargo por uma funcionária do lar com habilitações para o desempenhar.