Sociedade | 23-10-2022 11:59

Postura da Nersant revela tique de falta de convivência democrática

Luís Filipe Simões fala numa situação alarmante para um estado democrático

Presidente do Sindicato dos Jornalistas diz que a atitude de impedir dois jornalistas de O MIRANTE de assistirem a uma conferência de imprensa sobre uma notícia do jornal, que dava conta de dificuldades financeiras da associação, é preocupante e inaceitável. Luís Filipe Simões considera que quando se tem uma posição destas é porque se tem receio do que se pode perguntar.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas considera que a atitude do presidente da Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant, de impedir dois jornalistas de O MIRANTE de assistirem a uma conferência de imprensa, é uma clara violação à lei, mas também denota uma situação mais alarmante num Estado de direito e democrático: “É mais preocupante porque revela um tique de falta de convivência democrática”, realça Luís Filipe Simões, acrescentando ser incompreensível a atitude, ainda mais quando a conferência visava responder a notícias do jornal.
Luís Filipe Simões chama a atenção que quando não se permite que um jornalista não assista a uma conferência de imprensa ou seja impedido de fazer o seu trabalho, quando está numa iniciativa para a qual foram convidados jornalistas, não se está a afectar apenas o jornalista e o órgão de comunicação social. O representante dos jornalistas adverte que essa atitude está a vedar a informação aos leitores do jornal, considerando “inaceitável” que uma entidade, seja ela qual for, da esfera do Estado ou não, tenha este tipo de comportamento.
Para o representante da classe o comportamento da Nersant, entidade que tem financiamento público, é uma traição à Constituição da República Portuguesa, que no seu Artigo 38º estipula que os jornalistas têm “acesso às fontes de informação e à protecção da independência e do sigilo profissionais”. No Artigo 38º refere-se que “todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações”. E que “o exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura”.
Luís Filipe Simões considera que quando não se deixa entrar um jornal que fez uma notícia sobre a entidade é porque se tem receio do que se possa perguntar. E acrescenta que se a Nersant tinha queixas a fazer que as fizesse, admitindo que se a conferência de imprensa era para responder à notícia de O MIRANTE não fazia sentido não deixar entrar os jornalistas do jornal.
Recorde-se que o presidente da direcção da Nersant, Domingos Chambel, fez a conferência de imprensa na tarde de 11 de Outubro, na qual alguns órgãos de comunicação social recusaram participar. A ideia era desmentir a notícia de O MIRANTE, mas o dirigente acabou por confirmar que existem dificuldades de tesouraria.

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