Violência em ambiente escolar tem tendência para aumentar
O ciclo de conferências “Mais Escola, Melhor Família” visitou Abrantes. Com o auditório do Edifício Pirâmide lotado por alunos, professores, técnicos da área social e elementos das forças de segurança e até do clero, discutiram-se as realidades quotidianas das escolas e das famílias.
“O problema da violência escolar é real, inquietante, e tenderá a aumentar na sua frequência e intensidade no período pós-pandemia”, alertou o psicólogo Paulo Sargento, comissário da iniciativa “Mais escola, Melhor Família! Por uma cultura de paz, contra a violência”, que se realizou a 14 de Outubro, em Abrantes. A conferência contou com a assistência de famílias, alunos, professores, autarcas, forças de segurança e IPSS do concelho. É um ciclo de conferências que dá particular atenção ao “bullying” e ao “cyberbulling” e ao divórcio crescente entre as famílias e a comunidade escolar.
A sessão foi iniciada por Manuel Valamatos, presidente do município, e Daniel Marques, da Polícia de Segurança Pública (PSP), e contou com a presença de Paulo Sargento, Carlos Anjos, presidente da Comissão de Protecção às Vítimas de Crimes, e Miguel Faria, psicólogo e coordenador da Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches, do Instituto Politécnico da Lusofonia. No painel intervieram também Celeste Simão, vereadora abrantina responsável pelo pelouro da Educação, Saudade Simões, presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Abrantes e Nelson Amaral, chefe da PSP local.
Outra das conclusões anunciadas por Paulo Sargento é a de que o distrito de Santarém tem menos de metade das ocorrências de outros distritos com a mesma densidade populacional. Debateu-se também o facto de 10 distritos, sobretudo os do litoral, registarem 90% das ocorrências, sendo Lisboa responsável por mais de 50%.
Carlos Anjos, natural do Entroncamento, explicou a O MIRANTE que actualmente há uma maior “mediatização da violência; alguém grava e põe na Internet”. “Hoje há menos violência no país todo, é isso que os dados dizem, mas os crimes são mais violentos. Antigamente as ofensas à integridade física eram simples, agora vai-se quase até ao homicídio”, considera. O antigo inspector da PJ refere também que há mais utilização de armas. “Quase apetece dizer que muitos miúdos vão para a escola armados”, vinca.